Os preços do aço deverão ter um salto de 66% este ano, segundo previsão de analistas e executivos de empresas, como reflexo do maior aumento de custos sofrido pela indústria em mais de 70 anos.
Previsão feita por 16 especialistas globais da commodity, incluindo seis executivos e 10 analistas, a pedido do "Financial Times", mostra que ano a ano os preços sobem, em média, 32% até o fim de 2011. O que poderá fazer com que o preço médio do aço suba a US$ 970 a tonelada até dezembro, segundo a consultoria inglesa Meps. Se as estimativas se concretizarem, será a segunda alta em um mesmo ano desde que a série histórica começou a ser feita nos anos 40.
A maior alta até então, de acordo com a Meps, foi de 70% em 2004, quando a demanda por aço subiu rapidamente em razão do crescimento mundial da economia que vivia forte expansão.
Rod Beddoes, executivo-chefe da Hatch Corporate Finance, especializada em metais, disse que prevê um aumento de 66% até o fim de 2011, com a reação das indústrias aos custos da matéria-prima e a oportunidade de elevar suas margens de lucro no ano, considerando o período de recessão pela qual passaram entre 2008 e 2009.
Já Michael Shillacker, analista do Credit Suisse, prevê um aumento de 41% no fim do ano. "Eu acredito que os preços vão continuar subindo durante 2011 e provavelmente terão seu pico de alta entre o primeiro ou segundo trimestre de 2012."
Executivos-chefe que concordaram em participar da pesquisa de preços do metal e que estão à frente de três grandes indústrias indianas, B. Muthuraman, da Tata Steel; Malay Mukherjee, da Essar, e Sajjan Jindal, da JSW, disseram que as cotações subirão pelo menos 25% durante o ano. Wolfgang Eder, da Voestalpine, afirmou que a média dos preços globais do aço deverá aumentar somente 13% no mesmo período.
Alexei Mordashov, da companhia russa Severstal, e Hayashida Eiji, da JFE, do Japão, e outros dois executivos ouvidos preferiram não participar da previsão de preços. Do total das 16 pessoas ouvidas, 11 concordaram em fazer as projeções.
Em relação à tendência de produção, a expectativa média para a variação na oferta de aço mundial este ano é de um aumento de 6,2%, acompanhando 2010, de 15% - a maior alta desde 1955.
Nos últimos dois meses, os preços do aço subiram 33%, como reflexo de grandes aumentos no minério de ferro e carvão.
As indústrias de aço vão avançar nos próximos 12 meses, com a China exercendo papel secundário sobre o resto do mundo em termos de taxa de produção, de acordo com o Financial Times, com base nos 16 especialistas ouvidos.
Para este ano a produção do resto do mundo provavelmente será maior que a da China pelo segundo ano consecutivo. Se as previsões se concretizarem, será a primeira alta seguida de uma sequência de dois anos desde 1973/1974.
O massivo crescimento da produção e do consumo da China - agora o maior fabricante global, com 44% de participação em 2010 - foi a principal razão da alta da produção de aço desde o início dos anos 2000, sustentada pelo aumento dos lucros.
Os especialistas esperam aumento de 6,2% da produção global, para cerca de 1,5 bilhão de toneladas, puxado pela elevação de 5,2% na China e 7% de outros países.
Fonte: Valor Econômico/Peter Marsch | Financial Times, de Londres
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