A crise energética está forçando a Alemanha a assinar contratos de fornecimento de combustíveis fósseis com duração de décadas, num esforço para manter as luzes acesas e as casas aquecidas, o que coloca em risco suas metas ambientais.
Fornecedoras de energia alemãs - da Uniper a RWE - assinaram acordos de longo prazo com fornecedores de gás natural liquefeito (GNL), especialmente dos EUA, e são esperados mais desses acordos. Até agora, as concessionárias alemãs evitavam contratos de 15 a 20 anos, para não se comprometerem com uma fonte de energia que emite carbono e metano.
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Essa reviravolta destaca o dilema energético da Europa. À medida que a Rússia limita o fornecimento de gás ao continente em um movimento que ameaça levar a região à recessão, as únicas opções para substituição rápida são os combustíveis fósseis, que pode frustrar a meta do continente de se tornar neutra em carbono.
Em toda a Europa, os governos estão acelerando o uso de terminais flutuantes de GNL que levam uma fração do tempo para serem construídos em relação as suas versões onshore. A Alemanha, que recebia mais da metade de seu gás via gasodutos da Rússia, agora está fretando cinco unidades flutuantes de armazenamento e regaseificação, ou FSRUs, e mais duas que serão alugadas por particulares. Três estão programados para entrar em operação neste inverno.
“O gás natural será necessário por um tempo, a Alemanha não tem como substituí-lo tão rápido quanto gostaria”, disse Ulrich Scholz, do escritório de advocacia Freshfields Bruckhaus Deringer.
No momento, a Alemanha precisa de no mínimo 40 milhões de toneladas a mais de GNL, estima a Venture Global, empresa americana produtora de GNL. Nos próximos sete a nove anos, a Europa exigirá até 200 milhões de toneladas de suprimento adicional.
Fonte: Valor