A ThyssenKrupp CSA - Companhia Siderúrgica do Atlântico, situada no distrito de Santa Cruz, no Rio, deverá atingir plena capacidade de produção de 5 milhões de toneladas de placas de aço no primeiro semestre de 2013, prevê Jorge Oliveira, novo presidente executivo da companhia, em entrevista ao Valor.
O projeto iniciado em 2005 e inaugurado em junho de 2010 teve seu cronograma refeito quatro vezes, inclusive devido à crise internacional de 2008 que paralisou o mercado de aço. No mês passado, a CSA atingiu 4 milhões de toneladas de placas de aço. Controlada pelo grupo alemão ThyssenKrupp , em parceria com a Vale, o investimento total somou € 5,2 bilhões, ou R$ 12 bilhões, o mais caro já feito pelo grupo no mundo.
Segundo Oliveira, o ritmo de produção será agilizado com a entrada em operação da bateria C da coqueria, a última a ser ativada de um total de três. Com as três baterias funcionando, a coqueria vai produzir 1,8 milhão de toneladas de coque, reduzindo a quase zero a dependência da importação.
O consumo anual de coque da usina é em torno de 2 milhões de toneladas. Com coque próprio a empresa vai reduzir custos e ganhar eficiência operacional, avalia ele. "A partir de agosto estaremos prontos para concluir o 'run up' de produção do nível atual de 4 milhões de toneladas para chegar no de 5 milhões de toneladas".
Isso foi considerado um passo importante na CSA, pois a construção da coqueria foi um dos grandes gargalos do empreendimento. Encomendada à Citic, uma gigante chinesa do ramo, a multinacional queria trazer junto ao material, como os tijolos refratários, alguns milhares de trabalhadores chineses. Gerou grande polêmica no Brasil. O governo autorizou apenas a entrada de cerca de 60 operários chineses.
No fim da construção da coqueria, que demorou mais que o previsto, a CSA teve que contratar uma empresa do próprio grupo Thyssen para apoiar a construção da bateria com os chineses.
O executivo assumiu oficialmente o comando da CSA em janeiro, substituindo o alemão Herbert Eichelkraut. É oriundo da ArcellorMittal Tubarão, onde esteve por 25 anos respondendo pelas áreas de aciaria e laminação. "O convite me foi feito porque a empresa buscava um profissional do Brasil com experiência em operação de siderurgia".
Otimista quanto aos rumos da empresa nos próximos meses, Oliveira prepara um plano estratégico para a CSA para cinco anos, mas nada quis adiantar. No médio prazo ele avalia que o processo atual de elevação da produção de aço deve sofrer a interferência de dois fatores: mercadológico, com expectativa, nos próximos meses, de recuperação mundial; e técnico, de sincronismo das diversas áreas de produção da companhia nessa etapa final de elevação do ritmo de produção de aço.
Segundo ele, a CSA não está com problemas para exportar sua produção. Cerca de 70% das placas produzidas no Brasil são enviadas para laminadora do grupo no Alabama, EUA, e 30% para Düssburg, na Alemanha. "São 3 milhões de toneladas de placas para o Alabama. Lá também está em fase de elevação para atingir a plena capacidade".
Oliveira disse que a crise dos países desenvolvidos (EUA e Europa) não tem atrapalhado o processo de aumento da produção da CSA. Ao contrário de rumores de mercado, ele garantiu que a empresa não fechou nenhum dos seus dois alto-fornos no país, nem reduziu o volume produzido.
Ele também negou boatos de que a CSA estaria a venda, por ter apresentado resultado negativo no balanço da Thyssen Americas, o braço americano do grupo, em 2011. "O que eu posso dizer como presidente da CSA é que ela faz parte e continua fazendo parte dos planos do grupo ThyssenKrupp", afirmou. Informou que o presidente mundial do grupo esteve na CSA em fevereiro e afirmou para todo o corpo gerencial da CSA que nunca existiu e nem existe nenhum plano de se desfazer deste ativo, nem de reduzir sua participação na CSA.
Oliveira tem a missão de aumentar a eficiência operacional da empresa. A CSA é vista como um projeto muito caro e de baixo retorno por consultores do setor. "O meu desafio na CSA é aumentar a eficiência operacional através da elevação de produção e redução de custo no consumo das principais matérias primas (minério de ferro, carvão e coque) e com retorno. A bateria C vai ser uma peça importante nessa direção", afirmou.
Ele reconhece que um complexo siderúrgico do porte da CSA exige gastos pré-operacionais. Situado numa área de 9 milhões de metros quadrados, conta com sistema integrado de produção (sinterizaçao, dois alto-fornos, aciaria e lingotamento, coqueria, usina termelétrica e terminal portuário) com 5,5 mi funcionários diretos. "É um investimento alto de retorno lento na fase inicial. Meu desafio é torná-lo cada vez mais rentável", disse.
Fonte:Valor Econômico/Por Vera Saavedra Durão | Do Rio
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