Apesar do cenário econômico adverso e do pessimismo disseminado no setor siderúrgico, o presidente executivo do grupo alemão ThyssenKrupp no Brasil, Michael Höllermann, disse ontem que a controlada Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), no Rio de Janeiro, vai fechar 2014 com produção "acima" de 4 milhões de toneladas de placas de aço. No ano passado, a usina produziu 3,5 milhões de toneladas, "predominantemente" para exportação, e agora começa a se voltar com mais força para o mercado interno.
"Estamos investindo para mudar o enfoque de também ao mercado nacional", disse o executivo ao Valor, antes de fazer uma apresentação para associados da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha de Porto Alegre. Ele não deu detalhes sobre o ritmo de ampliação das vendas domésticas, mas explicou que a mudança exige ajustes logísticos e que já foram feitas as primeiras entregas de produtos para fins de testes e homologação para clientes locais. Antes, já havia vendido placas para a CSN.
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Conforme Höllermann, a montagem de equipes comerciais nacionais iniciou depois que o grupo decidiu não mais se desfazer da CSA. A siderúrgica, que tem ainda participação de 27% da Vale, foi posta à venda em 2012 junto com a laminadora Steel USA, no Alabama. Só unidade americana foi negociada, por US$ 1,55 bilhão, para o consórcio ArcelorMittal - NipponSteel & Sumitomo. O negócio garantiu venda de 2 milhões de toneladas de placas por ano da siderúrgica brasileira até 2019.
A CSA começou a operar em 2010, após investimento de € 5 bilhões do grupo alemão, mas enfrentou dificuldades como atraso nas obras, problemas técnicos e ambientais. Agora a unidade está recebendo aportes em aumento de eficiência e produtividade, segurança no trabalho e proteção ambiental para chegar progressivamente ao ritmo pleno da capacidade de 5 milhões de toneladas "nos próximos anos", informou.
O executivo alemão reconheceu que a economia mundial não está tão "favorável" como o desejado e que o mercado brasileiro está provocando "mais dor de cabeça" do que o esperado em 2014. Mesmo assim, sem citar valores, disse que o grupo na expansão de fábricas de elevadores em Guaíba (RS) e de componentes automotivos em Campo Limpo Paulista (SP), além de nova linha de eixos de comando de válvula para o setor automobilístico em Poços de Caldas (MG), que vai operar em 2015.
Höllermann assumiu o posto em 2012 para integrar as operações no Brasil, onde o grupo fatura mais de R$ 8 bilhões por ano, tem 12 fábricas, 76 centros de serviços industriais, três centros de pesquisa e desenvolvimento e 18,5 mil funcionários. A matriz alemã divulgou hoje os resultados do terceiro trimestre fiscal.
A integração já resultou na abertura de um escritório regional no Brasil, que vai cuidar também das operações na América do Sul, e tem foco em quatro áreas, explicou Höllermann. O foco inclui o "melhor aproveitamento" de negócios em áreas como petróleo e gás e suporte às negociações com grandes clientes, como a Vale.
Isso faz parte de um novo direcionamento estratégico global do grupo, que opera em segmentos como componentes automotivos, equipamentos para construção e energia, engenharia industrial, elevadores e siderurgia.
Fonte:Valor Econômico\Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre