CSN busca 3,4 bi de euros para Cimpor
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) está levantando um empréstimo-ponte de € 3,4 bilhões (o equivalente a US$ 5 bilhões), sob a liderança do Banco Espírito Santo, para financiar a aquisição de 100% da produtora de cimento portuguesa Cimpor em oferta pública na Bolsa de Valores de Lisboa.
A ideia seria obter os recursos com o prazo de vencimento em um ano e com prêmios de risco estimados por bancos de 150 a 200 pontos básicos sobre a Libor, a taxa interbancária de Londres. Ainda no primeiro semestre de 2010, a CSN trocaria esse empréstimo-ponte por dívida de prazo mais longo, como eurobônus a serem emitidos no mercado externo ou outros empréstimos, como linhas de pré-pagamentos à exportação.
O presidente do Banco Espírito Santo de Investimento no Brasil e sócio do banco de capital português, Ricardo Espírito Santo, confirma o prazo de um ano para a transação. Ele preferiu não comentar sobre os prêmios de risco para o empréstimo, no entanto. Segundo ele, os recursos deverão estar disponíveis na forma de carta de crédito de vários bancos já em janeiro para que a CSN leve adiante a aquisição, caso a proposta seja aceita pelos acionistas da companhia portuguesa.
Espírito Santo considera que a empresa não terá dificuldade em levantar os recursos dada a boa disposição dos bancos no mercado internacional com o Brasil e suas companhias. O BES, que também faz o papel de assessor da CSN na aquisição, considera que o maior desafio na transação será mesmo convencer os acionistas da Cimpor de que a oferta é boa para os dois lados.
Espírito Santo argumenta que os preços oferecidos são atrativos para os acionistas da Cimpor. A CSN ofereceu € 5,75 por ação para incorporar 100% do capital da portuguesa, prêmio de 5% sobre a cotação de fechamento do dia 17 na Bolsa de Lisboa. "O mercado tem sinalizado no mesmo sentido, pois as ações ordinárias (com direito a voto) da CSN caíram no dia 18, data posterior ao anúncio", comenta. A queda foi de mais de 5%, a maior entre as mais negociadas participantes do Índice Bovespa. Na direção oposta, as ações da Cimpor negociadas na Bolsa de Lisboa tiveram alta de 16%, para € 6,34, o que sinaliza, para alguns, que a CSN terá de elevar o preço oferecido se quiser ficar com a portuguesa.
Diante da oferta, a Moody's colocou ontem a nota de risco de crédito da CSN em revisão para possível rebaixamento. "Na nossa visão, caso seja concretizada, a transação poderá resultar em substancial aumento da alavancagem da CSN para um nível incompatível com a categoria de rating 'Ba1', sem a existência de uma plano comprovado para uma rápida redução do endividamento", diz. A Moody's explica que a revisão dos ratings focará na evolução das negociações entre a CSN e os acionistas da Cimpor, no plano de financiamento caso as negociações sejam bem sucedidas e na estratégia para redução de dívida no curto prazo.
No dia 18 de dezembro, a Camargo Corrêa havia confirmado que também tinha interesse na fabricante de cimentos, sinalizando que deveria concorrer com a CSN. No dia 22, no entanto, divulgou nota ao mercado na qual afirma que não estuda ou prepara uma oferta pública de aquisição da Cimentos de Portugal no momento.
Segundo a CSN, o negócio total poderá chegar a € 5,66 bilhões (US$ 8,26 bilhões) - € 3,86 bilhões (US$ 5,6 bilhões) pelas ações mais a dívida líquida de € 1,8 bilhão (US$ 2,6 bilhões). No comunicado da oferta, a CSN informou que, além de seu caixa, poderá buscar linhas de crédito de "bancos de primeira linha" para financiar a aquisição.
A CSN encerrou o terceiro trimestre com R$ 1,3 bilhão em caixa e com dívida bruta de R$ 14,8 bilhões. Descontados o caixa e recebíveis, a dívida líquida era de R$ 5,9 bilhões, ou 1,5 vez o lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/Cristiane Perini Lucchesi de São Paulo)