A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou ontem uma mudança nas condições da oferta pública de aquisição (OPA) de ações da empresa portuguesa de cimentos Cimpor. A principal mudança é que a CSN vai utilizar a prerrogativa de não exercer os direitos de voto - ou apenas votar para proteger o investimento - até uma posição final da União Europeia. A CSN ofereceu 3,68 bilhões de euros pela Cimpor em 18 de dezembro, sendo 5,75 euro por ação. O conselho da empresa portuguesa rejeitou a proposta no dia 7 de janeiro.
A prerrogativa permite a realização da oferta de compra antes de a União Europeia se pronunciar a respeito e faz com que prescinda das autorizações dos demais órgãos reguladores da concorrência, que têm de se manifestar a esse respeito. Além das autoridades da União Europeia, a operação está sujeita aos reguladores da Turquia, China e África do Sul.
Com a comunicação da oferta às autoridades reguladoras da União Europeia em 14 de janeiro, o prazo para a Comissão Europeia emitir seu parecer é até 18 de fevereiro. A oferta está sendo feita pela C.S.N. Cement S.à.r.l., empresa sediada em Luxemburgo, detida integralmente de forma indireta pela CSN.
Além da CSN, outras duas empresas brasileiras anunciaram que estão na corrida pela Cimpor. A Camargo Corrêa tem até o dia 28 próximo para confirmar se vai anunciar uma oferta concorrente, depois de ter proposto uma fusão com a Cimpor - o que foi recusado pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de Portugal. Já a Votorantim afirmou que sua proposta não envolve a tomada de controle da companhia.
"Existe uma proposta que é conciliadora dos interesses locais, porque não envolve o controle da empresa", afirmou o presidente do Conselho de Administração da Votorantim Participações, Carlos Ermírio de Moraes, acrescentando que esta já foi apresentada aos acionistas da Cimpor e não é hositl.
Na sexta-feira, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça pediu mais informações às três empresas brasileiras e à Cimpor para averiguar se estão tomando medidas para evitar a entrada de novas concorrentes no mercado brasileiro de cimento.
Fundo recebe proposta
A F&C Investments, gestora do fundo de pensões do Millennium bcp, foi contatada por duas empresas para vender sua participação de 10% na cimenteira portuguesa Cimpor, alvo de uma oferta hostil feita pela CSN. Em comunicado, a F&C detalhou que "os contatos visam o eventual interesse na alienação da participação na sua totalidade ou seu possível empréstimo remunerado".
"A F&C foi até ao momento contatada por duas entidades, sendo uma delas acionista da Cimpor e outra que, tanto quanto é do nosso conhecimento, não é", disse a F&C em comunicado divulgado no site da CMVM, órgão regulador do mercado acionário português.
"Tendo em conta os acontecimentos em torno da Cimpor, foi tido como oportuno que se equacionasse a alienação da participação na sua totalidade", afirmou a F&C. O comunicado esclarece que "a F&C não teve a iniciativa de promover quaisquer contatos" no sentido de se desfazer das ações que possui da Cimpor.(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/DA AGÊNCIA ESTADO)
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