A Companhia siderúrgica Nacional (CSN) está revendo pela segunda vez o seu plano de investimento em Minas Gerais, segundo confirmaram o governo estadual e a própria empresa. Um novo protocolo de intenções deverá ser assinado, aumentando o montante de recursos aplicados e o peso da mineração no pacote de inversões para os próximos anos. O volume total a ser anunciado passará a R$ 15 bilhões, ante R$ 9 bilhões anunciados em 2009.
Desse total, R$ 5,2 bilhões serão aplicados em mineração de ferro: ampliação da mina Casa de Pedra (em Congonhas), para 50 milhões de toneladas ao ano, na Namisa (associação com grupo de siderúrgicas asiáticas na qual tem 60%) e na adequação do porto em Itaguaí (RJ). Outros R$ 1,8 bilhão serão usados na construção de duas usinas de pelotização de ferro (aglomeração de minério fino), com capacidade somada para processar 12 milhões de toneladas ao ano. Estas obras já começaram, mas a expansão da mineração para a nova capacidade exigirá um novo exame das autoridades ambientais. A expansão já licenciada prevê a extração anual máxima de 40 milhões de toneladas. Em 2009, a CSN se comprometeu a investir R$ 2,2 bilhões em mineração e R$ 850 milhões em pelotização.
Os restantes R$ 8 bilhões deverão ser aplicados na construção de uma usina siderúrgica em Congonhas e em uma fábrica de aços longos no município vizinho de São Brás do Suaçuí (MG). Há dois anos, a empresa projetava investir R$ 6 bilhões em Congonhas e não mencionava a possibilidade de erguer uma fábrica específica para aços longos no Estado. A capacidade de produção, contudo, foi revista para baixo: no anúncio de 2009 a empresa falava em produzir até 4,5 milhões de toneladas de aço. Agora, a nova projeção é de 2 milhões de toneladas, sendo 500 mil de aços longos.
Segundo informações de constantes interlocutores da CSN no poder público, a empresa de siderurgia quer como contrapartida a prorrogação dos benefícios tributários por mais três anos. A CSN não confirma a informação.
A siderúrgica da CSN em Minas é aguardada desde 2007, data do primeiro protocolo assinado pela empresa. Em 2008, os investimentos foram suspensos. Segundo declarou à época o controlador da CSN, Benjamin Steinbruch, seria "irresponsabilidade" investir em aumento da capacidade de produção em um momento em que havia excesso de oferta e grande contração da demanda externa, em função da crise econômica global.
No ano retrasado, Steinbruch e o então governador Aécio Neves (PSDB) fizeram novo anúncio, praticamente idêntico ao feito dois anos antes. A empresa acelerou as obras para aumentar a extração mineral e fazer a pelotização, mas o projeto siderúrgico não deu sequer o primeiro passo, que seria o de se obter a licença ambiental prévia para a desapropriação das áreas que formaram o distrito industrial do município. O governo mineiro, na prática, suspendeu o processo ao perceber que a CSN queria repactuar o investimento.
Segundo afirmou a assessoria de imprensa da CSN, todos os valores que constavam no compromisso eram originários dos estudos feitos para o primeiro protocolo, de 2007, e precisavam ser revisto porque as condições do mercado siderúrgico mudaram.
Atualmente, a CSN opera uma usina de aço no país, em Volta redonda (RJ), apta a fazer 5,6 milhões de toneladas por ano. Em andamento, a empresa tem dois outros projetos de aços longos: um dentro de Volta redonda e outro em Itaguaí (RJ), com capacidades idênticas: 500 mil toneladas/ano.
Fonte: valor Econômico/César Felício | De Belo Horizonte
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