A Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) iniciou, no último domingo (8), uma etapa fundamental para o começo de suas operações, previsto para ocorrer até o próximo mês de junho. Foi dado o pontapé inicial da produção de coque, matéria-prima a ser utilizada para a fabricação das placas de aço da Siderúrgica, erguida no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). A informação foi concedida pela CSP, que já alcançou 99,6% de conclusão no total das obras do empreendimento.
Apenas os 50 fornos da Bateria 2 da coqueria entraram em operação, fabricando o material resultante da mistura de carvões que foi enfornada na última sexta-feira. Os outros 50 fornos, que pertencem à Bateria 1, irão iniciar as atividades em cerca de 20 dias, de acordo com fontes ligadas ao Governo do Estado.
PUBLICIDADE
Segundo uma fonte ligada ao governo estadual, a coqueria está com 100% das obras concluídas. Todas as outras principais plantas da siderúrgica (alto-forno, aciaria, sinterização e lingotamento contínuo) estão com mais de 99% de conclusão.
De acordo nota divulgada ontem pela Siderúrgica, o setor responsável pela fabricação de coque terá capacidade de produção de 1,3 milhão de toneladas da matéria-prima por ano quando estiver "em plena atividade".
O início do comissionamento (etapa que antecede o começo da operação e avalia se os componentes e sistemas estão em conformidade com as necessidades do projeto) da coqueria havia ocorrido há cinco meses, em dezembro de 2015, com o início do aquecimento da Bateria 2.
Fabricação
O coque é fabricado a partir da destilação de carvões minerais em fornos aquecidos a 1250°C. A mistura de carvões é disposta dentro dos fornos por um período entre 25 e 30 horas, de acordo com o ritmo operacional programado. Resulta desse processo a sintetização de um material sólido, com tamanho médio entre 10 mm e 100mm, que é composto por 90% de carbono e 10% de cinzas.
Para amenizar os impactos no meio ambiente, a Companhia salientou que investiu "R$ 1 bi na aquisição de equipamentos e nos processos voltados à preservação do meio ambiente, com tecnologia de proteção ambiental alinhada às melhores práticas mundiais. Na rotina de operação da usina, 100% do gás emitido pela coqueria será capturado e destinado à Planta de Tratamento de Gás para ser reaproveitado", segundo nota enviada pela assessoria.
A função do coque é servir como combustível e para a redução do minério de ferro - processo no qual esse material se liquefaz, transformado-se em ferro-gusa líquido - no interior do alto-forno, outro setor da CSP.
Image-2-Artigo-2061989-1
O início do comissionamento (etapa que antecede o começo da operação ) da coqueria ocorreu há cinco meses, em dezembro de 2015
Placas de aço
No processo de fabricação do aço, o ferro-gusa, então, é encaminhado à aciaria, local onde o produto passa por oxidação e se transforma em aço líquido. No fim da aciaria, há um setor chamado de lingotamento contínuo, onde o líquido é moldado e transformado em placas.
A CSP terá capacidade para fabricar 3 milhões de toneladas de placas de aço por ano, voltadas para a geração de produtos laminados nas indústrias naval, de óleo e gás automotivo e da construção civil.
Impactos
O empreendimento conta com um investimento de US$ 5,3 bilhões. Além disso, demandas geradas a partir da operação da CSP têm potencial para atrair 100 empresas especializadas em diversos setores para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém nos próximos 10 anos, totalizando um investimento de R$ 3 bilhões. Os dados são do consultor empresarial Durval Vieira e foram publicados na edição do dia 15 de abril deste ano do Diário do Nordeste
De acordo com ele, que foi contratado para auxiliar na implementação da Siderúrgica, as empresas atraídas para o Cipp devem gerar cerca de 12 mil empregos, além dos 4 mil criados pela própria CSP.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/Murilo Viana