"Se quiser ir rápido, vá sozinho. Se quiser ir longe, vamos juntos". Com base neste famoso provérbio sul-coreano, a direção da Posco Engenharia & Construção (PE&C) se apresentou, na noite de ontem, para dezenas de empresários cearenses na sede da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), desejosos de participar da fase de implantação e de operação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).
"Após a primeira fase de implantação, prevista para ser concluída em setembro de 2015, a cadeia produtiva local terá a movimentação de algo em torno de R$ 150 milhões por ano em vários segmentos. E a gente entende que há empresas aqui no Ceará capazes de realizar qualquer um desses processos", afirmou Marcelo Gil de Carvalho, gerente de Suprimentos da CSP.
Cadastrados
Ele adiantou que 384 empresas locais já estão cadastradas como fornecedoras da siderúrgica. E que outras podem procurar fazê-lo no www.cspecem.com. O Diário do Nordeste já havia adiantado uma lista de 44 empresas fornecedoras aptas somente na parte da instalação da siderúrgica.
Aproximação
Os coreanos da Posco Engenharia e Construção, que é uma subsidiária de um das sócias da CSP, detalharam todo o projeto da siderúrgica, que requererá o aporte de US$ 5 bilhões.
Para Tae Hwa Jeong, diretor representante do escritório da PE&C em Fortaleza, o evento foi muito satisfatório para dirimir dúvidas das pessoas que estavam presente e apresentar o real impacto econômico que a CSP poderá trazer para a economia do Estado.
Lembrando o ditado coreano do início desta reportagem, ele disse que o objetivo da Posco E&C é trabalhar junto com as empresas locais, desde que as condições oferecidas pelas companhias daqui sejam competitivas no mercado.
Ele citou todas as seis etapas de implantação da siderúrgica, detalhando a terceira delas, o auto-forno que terá cerca de 100 metros de altura e trabalhará com temperatura de até 1.200 graus Celsius. "O erro de apenas um milímetro na construção desse equipamento poderá gerar uma explosão. Estamos ressaltando isso para mostrar a complexidade e a tecnologia de se construir uma siderúrgica. Na própria Coreia são poucas as companhias capazes disso", salientou Tae Hwa.
Catálogo
Na ocasião, foi entregue um catálogo produzido pela Fiec e DVF Consultoria, com empresas cearenses classificadas por setores. Kyu Young Ahn, diretor geral de projetos da Posco E&C, ressaltou que a iniciativa vai facilitar o contato da empresa com as empresas locais. "É de suam importância a utilização desse material para identificarmos essas companhias como futuras parceiras".
Já Jong Uk Moon, gerente sênior de contratos e riscos da multinacional coreana, afirmou que a ideia é aproveitar os insumos e serviços oferecidos pelos cearenses em todas as fases da construção da siderúrgica. "Não tem uma fase específica em que vamos precisar das companhias locais. Todas as etapas serão necessários esses contatos. Claro que na fase de arquitetura a demanda será mais orientada para esse tipo de trabalho, na parte de equipamentos nessa área, e etc. Para se ter uma ideia, pretendemos demandar cerca de 100 toneladas em reboques, caminhões de carga, contêineres e outras máquinas", contou.
Construtores locais questionam empresa
"Vocês sonham. Nós construímos". Nem essa frase, lida em português pelo representante coreano da Posco E&C, empolgou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), Roberto Sérgio Ferreira. Ele questionou porque a multinacional está centralizando as obras com a construtora do Equador Santos CMI. "Essa empresa poderia ser pelo menos brasileira. Por que resolveram entrar na América Latina com uma companhia equatoriana?", perguntou.
Outro questionamento de Roberto Sérgio diz respeito a importação das estacas. "Vocês poderiam estar aproveitando os insumos (areia, concreto e brita) local e as estacas feitas aqui no Ceará", disse o representante da construção civil local .
O diretor representante do escritório da PE&C na Capital, Tae Hwa Jeong, explicou que as estacas importadas tem o dobro da resistência das feitas aqui no Estado. Sobre a construtora de fora, ressaltou que "a Santos CMI faz parte da holding de empresas do Grupo Posco, por esse motivo foi escolhida".
O executivo também confirmou que estão sendo construídos 250 alojamentos para receber diretores, gerentes e demais funcionários da Coreia do Sul, para a fase de implantação da siderúrgica no Estado. Ao final do encontro, Roberto Sérgio disse que ficou descontente com a resposta dos coreanos.
Fonte: Diário do Nordeste / Ilo Santiago Jr.
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