O cenário para o investimento continua pouco animador, mas no mês passado e neste mês apareceram alguns sinais de melhora. No levantamento do Bradesco, o número de projetos anunciados subiu de 129 em maio para 173 em junho. No caso dos desembolsos do Finame no âmbito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES, a linha que financia a compra de máquinas e equipamentos, componentes, ônibus e caminhões, houve uma reaceleração em junho, depois de um número mais fraco em maio, e os dados preliminares de julho sugerem um resultado um pouco mais forte.
O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, diz que prefere esperar os dados de julho para ver se o aumento nos números de investimentos anunciados é de fato consistente. Para ele, o número mais forte de junho pode se dever à expectativa generalizada de recuperação da atividade econômica no segundo semestre e pode refletir em alguma medida a série de iniciativas tomadas pelo governo para incentivar a economia.
Isso pode ter incentivado alguns setores a investir. "As expectativas devem melhorar antes da atividade dar sinais de recuperação, e não o contrário", afirma ele. Num segundo momento, a retomada da atividade reforça a melhora das expectativas. "No entanto, espero ainda os dados de julho para ter maior convicção de que o vale das expectativas negativas ficou para trás."
Os números provisórios de junho e os dados preliminares de julho do Finame/PSI também trouxeram algum alento de que a retomada do investimento pode estar em curso. Na média de janeiro a abril, os desembolsos totalizaram R$ 3,25 bilhões, caíram para R$ 2,8 bilhões em maio, voltando a subir em junho, para R$ 3,2 bilhões. Os números preliminares de julho indicam que os empréstimos dessa linha podem atingir R$ 3,7 bilhões. Em abril, o banco de fomento anunciou queda dos juros e aumento dos prazos de financiamento do PSI.
O chefe do departamento econômico do BNDES, Marcelo Nascimento, acredita que o segundo semestre será melhor para o investimento, desde que não haja uma deterioração acentuada no cenário externo. Para ele, as compras governamentais de R$ 8,4 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Equipamentos devem ter um papel importante especialmente para a recuperação das vendas de caminhões, muito afetadas no primeiro semestre.
Além da melhora das condições do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), a redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 6% para 5,5% ao ano, também pode ajudar, acredita ele. Além de baratear novos financiamentos, a nova taxa também vale para o estoque de empréstimos, o que vai reduzir o pagamento de juros.
A situação é mais delicada na indústria, diz Nascimento, que enfrenta um aumento da ociosidade no Brasil e no mundo. Para ele, pode haver algum alento da indústria nos setores beneficiados pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (como veículos, eletrodomésticos da linha branca e móveis). Se o quadro internacional não piorar muito, pode haver um crescimento, ainda que pequeno, do investimento no ano, acredita ele. Em 2011, houve alta de 4,7%.
Os números de importação de bens de capital em junho, por sua vez, não foram tão promissores. O valor importado desses produtos caiu 0,5% em relação a junho de 2011, pela média diária. Em maio, tinha ocorrido um aumento de 11,8%, nessa mesma base de comparação.
Fonte: Valor
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