Hoje é o "dia D" para Benjamin Steinbruch, principal acionista da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), que há dois meses surpreendeu o mercado com uma oferta de US$ 5,5 bilhões para comprar 100% da fabricante de cimento portuguesa Cimpor, que atua em 13 países, inclusive no Brasil. Às 15 horas (horário de Lisboa) vence o prazo da oferta pública de aquisição da CSN. Após ver frustrado seu plano de comprar no mínimo 50% mais uma ação, ao preço de € 5,75 por papel, Steinbruch elevou o valor da proposta para € 6,18 no dia 12 e aceitou ficar com pelo menos 33,34% de fatia.
A última cartada de Steinbruch, no entanto, buscava assegurar pelo menos 46% das ações, o que lhe garantiria forte poder de barganha dentro da companhia. Na última semana, ele entabulou negociações com os dois grandes acionistas restantes: o empresário Manoel Fino, dono de 10,67%, e o fundo BCP, detentor de 10,04%. A esse bloco de ações esperava somar o direito de recompra de 9,63% de Manoel Fino com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e a adesão dos minoritários no "free float": 17,6%.
O ímpeto da CSN, que lançou uma cartada ousada para se posicionar entre as 10 maiores do cimento no mundo, sofreu o ataque de dois grandes pesos pesados do cimento no Brasil - Votorantim e Camargo Corrêa - que também tinham interesses antigos pela Cimpor. Entraram no jogo com menos estardalhaço, mas com lances estratégicos. Pagando acima do oferecido pela CSN, tanto Votorantim (21,21%), quanto Camargo (31,12%) ficaram com expressivas fatias da cimenteira, ao comprar as participações dos acionistas Lafarge, Cinveste, Teixeira Duarte e Bipadosa, e de outros minoritários na Cimpor. Além disso, a Votorantim ainda amarrou um acordo de acionistas com a CGD.
Ao final do jogo, restará uma certeza: a composição societária da Cimpor, neste mês, sofreu uma completa desfiguração. Pode, ao final, ser dominada pelos três grupos brasileiros.(Fonte: Valor Econômico/Ivo Ribeiro, de São Paulo)
PUBLICIDADE