Empresário, que também quer se desfazer do porto Sudeste, da LLX Logística, contratou banco de investimentos estrangeiro para cuidar da negociação
SÃO PAULO - O empresário Eike Batista negocia a venda de sua participação na mineradora MMX com grupos do setor. Entre os interessados estão a americana Cliff Natural Resources e a indiana Arcelor Mittal. Além da mineradora, Eike pretende vender o porto Sudeste, da LLX Logística, situado no município de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
Eike já teria entregue o mandato de venda a um banco de investimentos estrangeiro e permitiu o acesso ao banco de dados com informações confidenciais da MMX. Há negociações em curso com alguns interessados, mas não existe previsão para conclusão da operação.
Uma fonte que trabalha para um dos interessados afirma que até outro dia Eike tentava promover a fusão da MMX com outras mineradoras. Negociou com a Ferrous Resources, a CSN e a Usiminas, sem sucesso. "Como não deu certo, ele virou a chave e agora quer vender. Mas, se alguém oferecer outra opção, ele pode mudar tudo de novo. O que ele quer é fazer negócio com a MMX", diz a fonte.
Para o empresário, uma vantagem de sair do setor de mineração seria concentrar as atividades na área de petróleo. O grupo EBX, ao qual pertencem a MMX e a LLX, também controla a OGX, voltada para exploração de petróleo, e a OSX, da área de equipamentos e serviços para a indústria petroleira.
Mas haveria outras razões para passar o negócio de mineração adiante. No ano passado, Eike vendeu uma participação de 21,5% da MMX para a siderúrgica chinesa Wuhan Steel.
Na mesma operação, ele fechou um contrato para fornecer aos chineses metade do minério extraído de suas jazidas em Minas Gerais pelos próximos 20 anos.
Só que as minas de Eike, atualmente, são arrendadas. E os contratos de arrendamento terminam em 2021, enquanto o acordo com os chineses vai até 2030. Por causa dessa diferença, executivos do setor entendem que, ao tentar juntar a MMX com outras mineradoras, Eike estava correndo atrás de novas minas para fazer frente aos compromissos assumidos com a Wuhan Steel. Como essas tratativas não foram em frente, agora ele estaria disposto a vender a MMX.
Procurada pela reportagem, a MMX informou que "está sempre atenta à oportunidades que sejam de interesse de seus acionistas", mas que não comenta rumores de mercado.
Meta distante
O empresário detém 43,55% da MMX, 21,52% pertencem à chinesa Wuhan e os 34,93% restantes estão no mercado. Em 2009, a MMX produziu 5,2 milhões de toneladas de minério. No primeiro trimestre de 2010, a produção foi de 1,8 milhão de toneladas, ainda distante da meta de produção de 45 milhões de toneladas de minério anuais.
A MMX nasceu em 2005, com três projetos de mineração (Minas-Rio, Corumbá e Amapá) e realizou sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em julho de 2006, captando mais de US$ 500 milhões, o que até então era um recorde no mercado brasileiro.
Segundo fontes do mercado, a intenção de Eike sempre foi ser um "vendedor", plano que tomou corpo em 2007, quando a Anglo American comprou 49,9% do projeto Minas-Rio.
No ano seguinte, a Anglo comprou o restante do projeto e ainda arrematou o projeto do Amapá. A MMX passou a deter apenas o projeto de Corumbá, além de minas arrendadas em Minas Gerais, a Minerminas e a AVX Mineração.
A mineradora encerrou o primeiro trimestre de 2010 com prejuízo de R$ 81milhões, 45% menor do que o resultado também negativo do mesmo trimestre do ano anterior, de R$ 148 milhões.
Fonte: O Estado de S. Paulo/\Natalia Gómez e David Friedlander
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