As exportações e importações da China continuaram se recuperando, em janeiro, da recessão do começo do ano passado, de acordo com novas estatísticas governamentais, que realçaram a crescente importância das demais economias em desenvolvimento para o comércio exterior chinês.
Os números oficiais indicam uma sólida retomada no comércio exterior no mês passado, com crescimento de 20% nas exportações, na comparação com o mesmo mês no ano passado, e com importações em forte alta, de 85%.
Os números, porém, foram distorcidos pela época da ocorrência dos feriados do Ano Novo chinês, o que significa que a economia operou por uma semana a menos em janeiro de 2009. Os números das importações também foram favorecidos pelo fato de que as importações no começo do ano passado estavam no seu nível mais baixo desde 2005.
Em termos de volume de comércio, os números de janeiro estiveram abaixo dos de dezembro, com as exportações caindo de US$ 130,7 bilhões, em dezembro, para US$ 109,5 bilhões, e as importações declinando de US$ 112,3 bilhões para US$ 95,3 bilhões. O RBS calculou que as exportações registraram queda de 2% numa base ajustada sazonalmente mês a mês.
"Devido à ocorrência do feriado do Ano Novo chinês em datas diferentes, as comparações [ano a ano] são quase inexpressivas para a maioria dos indicadores macroeconômicos na China em janeiro e fevereiro", disse Lu Ting, economista do Bank of America Merrill Lynch.
"Uma abordagem sensata seria calcular as mudanças ano a ano para o período combinado de janeiro e fevereiro".
Os números de janeiro efetivamente destacaram que a recuperação recente no comércio exterior da China tem se inclinado na direção de mercados em outras economias em desenvolvimento, em parte das quais a China se tornou o maior parceiro comercial ao longo do ano passado.
As importações provenientes da Rússia cresceram 162% na comparação com o mesmo período no ano passado, as procedentes do Brasil aumentaram 142%, da Asean 117%, e da Índia, 112%, enquanto as exportações para a Asean aumentaram 52,8, e para o Brasil, 78,7%
De acordo com Ha Jiming, do China International Capital Corporation, um dos maiores bancos de investimento do país, a proporção de exportações da China destinada aos EUA, União Europeia e Japão caiu de 50%, no começo do ano passado, para 44% em dezembro, ao passo que a parcela dos países em desenvolvimento aumentou para 56%.
"Os países em desenvolvimento estão definitivamente fornecendo uma proteção para o comércio da China", disse Mark Williams, do Capital Economics em Londres. "Mas eles não conseguem compensar completamente a inércia esperada na demanda dos consumidores do G-7 [grupo de países ricos] ao longo dos próximos anos, uma vez que, tomadas em conjunto, elas não são grandes o bastante".
Economistas disseram que, considerando que os números de janeiro não ofereceram uma indicação clara sobre a força da recuperação nas exportações, o país poderá protelar qualquer decisão sobre a necessidade de começar a permitir que a moeda chinesa se aprecie, apesar da crescente pressão internacional.
"Quando eles decidirem que servirá os seus interesses tomar uma iniciativa na sua moeda, eles o farão, mas antes as autoridades provavelmente vão querer ver vários meses de recuperação sustentada nas exportações", disse Tom Orlik, economista do Stone & McCarthy em Pequim.
Um editorial de primeira página no jornal oficial "China Securities Journal" minimizou a importância de especulações em torno de uma iniciativa iminente na política monetária. "Dada a situação atual, as condições não estão apropriadas para uma grande apreciação, pelo menos no primeiro semestre", disse o jornal.(Fonte: Valor Econômico/Geoff Dyer e Justine Lau, Financial Times, de Pequim e Hong Kong)
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