Empresa importa insumo e corta custo
A valorização do real também fez um número maior de empresas trocar o fornecedor interno pela importação. Como forma de aproveitar a seu favor a valorização do real e driblar o que considera como alto custo das commodities no mercado interno, Domingos Darezzo, diretor-gerente da Tecumseh, diz que a fabricante de compressores herméticos tem buscado maior competitividade com a importação de insumos, especialmente o aço.
"Antes não importávamos quase nada de aço, mas este ano compramos do exterior cerca de 15% da nossa demanda", diz. Se o dólar continuar depreciado, ele prevê que a importação chegará a 40%. "Não gostaríamos de fazer isso, mas estamos perdendo competitividade e a importação de insumos traz uma vantagem significativa."
A empresa deve exportar este ano 50% da sua produção. O restante vai para o mercado interno. Darezzo diz, porém, que o mercado interno não é capaz de absorver a produção da empresa, que vai fechar 2009 com queda de 30%. Até 2006, a Tecumseh destinava 70% da produção ao exterior.
A Embraco, também fabricante de compressores herméticos, ainda não importou aço. Segundo o vice-presidente de marketing e negócios, Roberto Campos, a empresa tem contato com fornecedores chineses, mas não fez encomendas. A compra de aço chinês em 2010, porém, não está descartada. "Se os preços internos subirem, é possível que haja importação."
A indústria de chapa de aço, por sua vez, apostou na exportação. Tradicional fornecedora do insumo no mercado interno, a siderúrgica Usiminas buscou o exterior para manter a liquidez em um ano dramático para o setor. O volume de exportação saltou da média de 20% do total nos últimos três anos para 33% no último trimestre.
O ano começou com a Usiminas vendendo 268 mil toneladas para o exterior, tendo os Estados Unidos como principal mercado. No terceiro trimestre, foram 560 mil toneladas, com a China como maior destino. A empresa decidiu vender mais no exterior mesmo com preço menor na chapa de aço e com o ganho corroído pela valorização do real. O mercado externo passou de 12% para 18% da receita corrente líquida acumulada nos nove primeiros meses do ano, ou o equivalente a R$ 1,33 bilhão.
"Começamos o ano buscando mercado com o dólar a R$ 2,27 e terminamos 2009 com R$ 1,60. Isto evidentemente tirou lucratividade do resultado, mas não afetou o volume de venda. Devemos ultrapassar o volume físico vendido em 2008, mesmo com a queda de preço e o câmbio desfavorável", afirmou o vice-presidente de negócios da Usiminas, Sérgio Leite. No ano passado, a Usiminas vendeu 1,2 milhão de toneladas de aço para o exterior. Este ano , até o terceiro trimestre, já ultrapassou 1 milhão de toneladas.
Apesar do crescimento das vendas para a China, a aposta da Usiminas em 2010 é no aumento de vendas com valor agregado para a América Latina, sobretudo Argentina, Chile, Peru, Colômbia e México. A Usiminas montou recentemente uma subsidiária para fechar contratos não apenas da venda de produtos siderúrgicos, mas também da engenharia de montagem. Na avaliação da empresa, o mercado chinês não permite ganho em valor, porque a indústria siderúrgica daquele país está com excesso de capacidade ociosa.(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/arta Watanabe e César Felício, de São Paulo e Belo Horizonte)