SÃO PAULO - Os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) seguem caindo neste ano não como consequência de uma política deliberada de redimensionamento da instituição, disse nesta segunda-feira sua presidente, Maria Silvia Bastos Marques, mas porque a demanda por capital para investir, devido à recessão, segue bastante comprometida.
“O país está no segundo ano de uma crise sem precedentes. Os desembolsos já caem desde o ano passado, mas isso não é nenhuma motivação do banco. O que tem caído são os pedidos de financiamento. Eu sempre digo que eu quero ter o bom problema, o problema de ter ‘funding’, em que eu tenha que ir a mercado, fazer captações. Infelizmente, não é o que está acontecendo”, afirmou a jornalistas após evento em São Paulo.
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Ainda assim, Maria Silvia ressaltou que, sob sua gestão, o banco está passando por um processo de reavaliação do seu papel, em que ele não financia mais sozinho os investimentos de longo prazo no país – que passariam a contar com participação maior do capital privado – e estaria mais focado em projetos de infraestrutura.
“Acreditamos que precisamos focar um pouco mais. O banco não deve fazer de tudo um pouco, mas o que tem impacto na economia. E hoje é muito claro que o que tem impacto na economia é infraestrutura”, declarou. Nesse sentido, projetos de infraestrutura privados ou por concessões passarão a ter prioridade no banco.
Sobre a preocupação em relação a eventuais calotes, diante da situação financeira delicada de muitas empresas no país, ela frisou que o índice de inadimplência no banco segue bastante baixo e que todos os empréstimos têm garantias. “Do ponto de vista de país, sim, há uma preocupação em relação a isso”, completou. Questionada por jornalistas sobre possíveis novos provisionamentos para perdas relacionadas a calotes, ela afirmou que não se manifestaria até a divulgação do balanço do banco, em duas ou três semanas.
Fonte: Valor Economico/Camilla Veras Mota