O nível de endividamento da Petrobras pode cair dos 34,7% em relação ao patrimônio registrados em junho para algo entre 11% e 17% ao fim de setembro, a depender do sucesso da oferta de ações prevista para este mês.
O conselho de administração da estatal impôs um limite de 35% para o endividamento, medido pela divisão da dívida líquida pela capitalização líquida, que é a soma da própria dívida líquida com o patrimônio.
A Petrobras usa esse índice como referência para assegurar que não vai perder a nota de avaliação de grau de investimento das agências de classificação de risco. Com a chancela de boa pagadora de empréstimos, ela consegue juros mais baixos quando capta dívida no mercado externo.
Na metade do ano, a Petrobras se aproximou bastante desse limite, que seria estourado no terceiro trimestre se não houvesse a capitalização. A companhia fechou junho com uma dívida líquida de R$ 94,2 bilhões e patrimônio líquido de R$ 176,9 bilhões, ou seja, uma relação de 34,7%.
A oferta de ações contribui para reduzir o nível de endividamento de duas formas. O dinheiro que for captado com a venda de ações aos minoritários significa tanto um aumento no patrimônio como de caixa, o que reduz a dívida líquida.
Pelos termos anunciados da operação e tendo em conta a cotação de sexta-feira, a fatia dos minoritários pode chegar a R$ 41,9 bilhões no cenário base e subir a R$ 59,5 bilhões com a venda dos lotes extras.
Já a parcela da União na operação, de R$ 74,8 bilhões, terá impacto apenas no patrimônio, uma vez que o valor será integralmente usado pela Petrobras para pagar os 5 bilhões de barris comprados do governo - não ficará disponível no caixa da empresa.
Considerando essas premissas, além de um lucro de R$ 8,5 bilhões no terceiro trimestre (em linha com os últimos trimestres) e a parcela de juros sobre capital próprio de R$ 1,75 bilhão paga em agosto, o patrimônio líquido da Petrobras subiria para até R$ 318 bilhões.
Já o caixa pode encerrar setembro com mais de R$ 75 bilhões no cenário mais otimista, tendo em conta, além do dinheiro captado com a venda de ações, um fluxo de caixa operacional de R$ 15 bilhões e despesas com investimentos de R$ 20 bilhões.
Ao reduzir fortemente o nível de alavancagem, a Petrobras abre espaço para tomar mais dívidas. Isso será importante porque a companhia tem um plano de investimento de US$ 224 bilhões para o período de 2010 a 2014 e considera que precisa tomar US$ 58 bilhões no mercado para custear esses gastos. Na oferta de ações, ela deve obter cerca de US$ 30 bilhões, sendo que o restante virá de empréstimos.
Fonte: valor Econômico/Fernando Torres, de São Paulo
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