Na semana em que seu grupo venceu o leilão de concessão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, o presidente da Infravix - braço de infraestrutura do Grupo Engevix -, José Antunes Sobrinho, teve uma agenda concorrida. Depois de ser alçada ao estrelato graças ao aeroporto - embora a participação em projetos de infraestrutura tenha se intensificado há cerca de seis anos -, a companhia já menciona investimentos de quase R$ 1 bilhão em 2012.
Em sua mesa, a presença de jornais do dia anterior, anunciando a vitória da empresa no leilão, somado aos comentários empolgados de funcionários sobre a exposição da companhia nos últimos dias, sinalizam a pouca intimidade em protagonizar projetos. Embora também animado com a vitória, Sobrinho faz questão de dizer que o aeroporto é apenas um dos vários projetos em que o grupo está metido. "Estamos em projetos 100 vezes maiores", garante, citando a participação na Usina Hidrelétrica de Jirau e o estaleiro em Rio Grande (cidade no litoral gaúcho) - por meio do qual fabricará oito cascos tipo FPSO (sigla em inglês para plataforma flutuante que produz, processa, armazena e escoa petróleo) de navio para a Petrobras. Os investimentos de R$ 1 bilhão estão focados, principalmente, nos navios, em energia e infraestrutura.
Antes focada em estudos e projetos de engenharia, a empresa deu uma guinada como construtora de grandes obras no final dos anos 1990, quando expandiu mais fortemente sua atuação, até então focada em projetos de engenharia, na construção das obras (característica geralmente chamada de EPC - da sigla engenharia, projeto e construção). Com isso, hoje o grupo atua em segmentos que vão desde estudos de impacto ambiental, como EIA/RIMA, passando pela construção propriamente dita de grandes obras, até investimento em tecnologia de logística.
O grupo está dividido em quatro empresas. Responsável pelo aeroporto, a Infravix atua em desenvolvimento imobiliário, além de infraestrutura e concessões. As outras companhias também atuam em EPC (sigla para engenharia, projeto e construção) e projetos (por meio da Engevix Engenharia); em energia renovável (Desenvix); além de construção de navios e plataforma de petróleo para a indústria de óleo e gás (Ecovix).
Em entrevista ao Valor, Sobrinho enfatiza a defesa aos parceiros argentinos (Corporación América) no projeto do aeroporto. "Tem se falado que o grupo obteve favores do governo argentino na crise de 2001. Na verdade, o governo foi o causador das complicações que grande parte das empresas e por isso tinha o dever de socorrê-las".
Para a construção, Sobrinho diz que não haverá presença de grandes empreiteiras na execução do projeto - suspeita recorrente quando o assunto é o projeto do aeroporto, já que os grandes grupos não participaram do leilão. "Nosso projeto não tem verba para agradar a essas empresas", conta. Ele reafirma que tem interesse em terminar o projeto antes da Copa do Mundo de 2014 - para aproveitar a receita oriunda do Mundial. Entretanto, faz pela primeira vez uma ressalva: "Podemos fazer, mas não é nossa obrigação", diz. Segundo edital, o consórcio vencedor tem três anos a partir da assinatura do contrato (previsto para ser feito em novembro) para terminar as obras.
Fonte: Valor
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