O Brasil deverá colher 188,1 milhões de toneladas de grãos na safra atual (2013/14), uma queda de quase 1% em relação ao volume recorde de 189,5 milhões do ciclo anterior, previu ontem a Agroconsult. As intempéries, especialmente a seca no Sul do país, determinaram a redução na expectativa para a produção nacional, conforme a consultoria. "Foi um ano difícil", afirmou André Pessôa, sócio-diretor da consultoria.
A nova estimativa foi divulgada durante evento realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo (SP), para a divulgação dos dados coletados pela consultoria durante o Rally da Safra, expedição técnica anual promovida pela Agroconsult desde o início da década passada. Em 2014, o Valor participou do quarto roteiro do rally (são oito no total). Entre os dias 18 e 21 de fevereiro, visitou 13 cidades e cerca de 30 lavouras de Mato Grosso, que lidera a produção nacional de soja.
Segundo a Agroconsult, as lavouras de soja do Paraná foram as que mais sofreram com a estiagem. Já os plantios da oleaginosa de Santa Catarina se destacaram por terem obtido uma produtividade média de 52,1 sacas por hectare. O resultado é muito próximo ao previsto para Mato Grosso (53). Conforme Pessôa, houve uma grande pressão de doenças e pragas em 2013/14 - em especial da ferrugem asiática, da mosca branca e de lagartas. O reflexo foi sentido nos custos de produção. Em Mato Grosso o gasto médio para implantar um hectare de soja ficou em R$ 1.511, 12% acima dos R$ 1.344 por hectare de 2012/13. Somente os custos com defensivos subiram 52%.
Apesar das adversidades climáticas, o país deverá colher uma nova safra recorde de soja. A consultoria cortou em 5% sua projeção para a atual safra (2013/14) no país, para 86,9 milhões. Mas o volume ainda é superior ao de 2012/13 (82,2 milhões). Em Mato Grosso, a produção da oleaginosa poderá atingir 27 milhões de toneladas, ante as 28,4 milhões previstas anteriormente e as 23,5 milhões de 2012/13. O excesso de chuvas, principalmente entre o fim de fevereiro e o início de março, prejudicou a colheita no Estado.
Já a produção de milho deverá totalizar 71,2 milhões de toneladas na atual temporada (2013/14), recuo de 12,6% em relação às 81,5 milhões de toneladas da safra anterior, estimou a Agroconsult. A expectativa é que sejam colhidas 30 milhões de toneladas na primeira safra e outras 41,2 milhões na chamada safrinha. Os números são inferiores às previsões iniciais da consultoria, que eram 32,4 milhões e 43 milhões de toneladas, respectivamente. A queda na produção de milho no país se deve, basicamente, à redução na área plantada em virtude do desestímulo causado pelos preços mais baixos da commodity.
Nesse contexto, a consultoria estimou o faturamento com as safras nacionais de soja, milho e algodão em R$ 109,5 bilhões em 2013/14. O cenário atual sugere à Agroconsult que haverá uma queda para R$ 108,6 bilhões no ciclo 2014/15, já que os investimentos tendem a cair.
Fonte: Valor Econômico/Mariana Caetano | De São Paulo
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