A falta de chuvas e as geadas dos últimos meses frustraram de vez as perspectivas para mais uma safra de grãos recorde no País. Divulgada nesta quinta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa da safra de 2021 foi reduzida para 251,7 milhões de toneladas, 1% abaixo do desempenho do ano passado. E a possibilidade de novas reduções na estimativa, nos próximos meses, não foi descartada pelo IBGE.
“São cinco meses consecutivos de redução da estimativa da safra. São perdas consolidadas, não tem mais como recuperar isso (o volume recorde de produção). O que pode ocorrer nas próximas revisões é, na verdade, termos perdas um pouco maiores no milho”, disse Carlos Alfredo Guedes, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, ao comentar o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de agosto.
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Se confirmada, a queda na produção de grãos de 2021 será a primeira desde a safra de 2018. Naquele ano, a produção de grãos foi de 227,5 milhões, 4,7% abaixo do desempenho do ano anterior. Mesmo assim, a safra de 2021 será a segunda maior da história, atrás apenas da registrada no ano passado, que somou 254,1 milhões de toneladas. A série histórica tem início em 1975, quando o Brasil produziu 39 milhões de toneladas no ano.
Segundo o IBGE, apesar do aumento de 4,3% na área plantada, para 68,3 milhões de hectares, a produção vai recuar neste ano, refletindo a queda de produtividade das culturas de segunda safra, com destaque para o milho. O levantamento de agosto mostrou que a segunda safra do milho deve chegar a 61,7 milhões de toneladas em 2021, 19,4% inferior ao desempenho do ano passado. Essa cultura está praticamente toda colhida.
A produção de sorgo também deve recuar neste ano, para 2,4 milhões de toneladas, 13,8% menor que a do ano passado. Como ambos os grãos são usados na composição da ração de suínos e aves, os produtores devem continuar com seus custos pressionados.
“O milho representa 70% dos componentes da ração de suínos e aves e já vinha com preço elevado. O que poderia amenizar um pouco o preço seria uma safra muito boa, o que não aconteceu”, disse Guedes. “O País já vem buscando importar um pouco de milho de mercados vizinhos, inclusive por uma questão de preço, mais até do que quantidade.”
A produção agrícola nacional não será ainda menor neste ano por causa do bom desempenho da soja. Com a colheita praticamente encerrada, o IBGE estima produção de 133,8 milhões de toneladas do grão, 10,1% maior do que no ano passado. É um novo recorde histórico para a cultura. A safra de arroz também foi considerada muito boa neste ano, ao crescer 4,3% em relação a 2020, somando 11,5 milhões de toneladas.
As expectativas agora se voltam para os cereais de inverno, especialmente o trigo. O IBGE estima que a produção do trigo vai atingir 8,2 milhões de toneladas, 31,8% acima do ano passado. Segundo Guedes, o grosso da colheita vai ocorrer no fim do ano no Rio Grande do Sul, o maior produtor nacional. “Na época da colheita, o trigo pode sofrer com excesso de chuva. Não pode chover muito”, disse o gerente do IBGE.
Fonte: Estadão