O setor de mineração deve entrar em um período de consolidação global nos próximos meses, marcado por grandes acordos de fusões e aquisições. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela consultoria Ernst & Young Terco, que mostra que, se o cenário econômico mundial se estabilizar, há oportunidades para uma nova onda de negócios no segmento.
"Neste ano, até agora, as condições voláteis da economia e as incertezas têm limitado as fusões e aquisições. Mas há muitas empresas bem posicionadas, com caixa, ao mesmo tempo que há empresas subvalorizadas no mercado. Há, desta forma, um grande potencial para as negociações apresentarem um impulso a partir de agora", afirmou o gerente-sênior de transações da Ernst & Young, Stephen Collins.
O levantamento da consultoria mostra que, nos nove primeiros meses do ano, foram verificadas 779 operações em mineração ao redor do mundo, 6% abaixo do patamar registrado no mesmo período do ano passado. Em valor, por outro lado, as operações cresceram 67%, para US$ 131,9 bilhões.
As tensões diante da crise europeia e da desaceleração da economia dos EUA tornaram mais complexas as avaliações de valor das empresas. Segundo a consultoria, as companhias têm encontrado dificuldades de avaliar os riscos do negócio. Além disso, têm enfrentado incertezas sobre a execução das operações e até o aumento do nacionalismo, que dificulta a entrada de estrangeiras em alguns mercados. Tem ficado mais desafiador também chegar no valor esperado pelas potenciais compradas, ao mesmo tempo em que se beneficia os acionistas da compradora.
"Mas com um número de grande acordos a serem realizados, e as companhias tendo acesso a liquidez e em um ambiente onde os alvos aparentam estar subvalorizados, podemos ter nova onda de negociações", afirmou em relatório o líder de transações globais de mineração e metais da Ernst & Young, Lee Downham. Uma pesquisa da consultoria mostrou que o crescimento é a prioridade número um das empresas consultadas no setor e que 39% dos entrevistados afirmaram ter nos planos realizar uma aquisição nos próximos doze meses.
Segundo Collins, com a alta nos preços das commodities minerais depois da crise de 2008, as empresas do setor conseguiram acumular forte caixa e apresentam balanços robustos. "As dívidas foram pagas durante a crise. Agora, há liquidez", completa o executivo. Como os novos projetos demoram de 5 a 15 anos para entrarem em operação, o crescimento inorgânico está no foco de muitas companhias.
Os acordos devem envolver como alvos as empresas de médio e pequeno porte, que tenham projetos em fase avançada de exploração e produção, oferecendo menor risco. "Na Austrália e no Canadá há muitas empresas de médio porte com processos interessantes", explicou Collins. Os países emergentes também apresentam alto potencial de recursos naturais, que geram boas oportunidades.
Neste ano até agora, a região Ásia-Pacífico - dominada pela Austrália e China - foi a líder compradora, com acordos chegando a US$ 46,3 bilhões. A América do Norte, por sua vez, foi o maior alvo, com negociações somando US$ 51,3 bilhões. O carvão foi o maior envolvido nos acordos, representando US$ 30 bilhões.
Fonte: Valor Econômico/Vanessa Dezem | De São Paulo
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