O presidente do Export-Import Bank, o banco americano de fomento às exportações, Fred Hochberg, fez críticas à receita chinesa de promoção de exportações para o Brasil. Ele veio para participar do Fórum Econômico Internacional e para uma série de reuniões com empresas brasileiras.
Em entrevista ao Valor, Hochberg, que comanda o banco desde 2009, demonstrou reservas em relação à forma como Pequim se aproximou da Petrobras. Na agenda de Hochberg consta uma reunião hoje com o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, para tratar de detalhes do empréstimo bilionário feito à estatal. A empresa não quis confirmar a reunião.
EUA e China têm interesses no petróleo brasileiro e os dois financiam atividades da estatal. Mas a atuação de Pequim no Brasil é vista com muitas ressalvas pelo banco americano. O problema, segundo Hochberg, é que os chineses não atuam de acordo com as regras seguidas pelas demais grandes economias do mundo quando financiam suas exportações. Os EUA veem isso como um obstáculo para os interesses do país de reforçar suas exportações.
No caso da Petrobras, o que está em jogo é a venda de produtos e serviços americanos e chineses para as atividades de exploração do petróleo na camada do pré-sal. O banco fechou há dois anos um contrato de empréstimo de US$ 2 bilhões para a empresa. A Petrobras disse estar "bem próxima da conclusão da negociação de desembolso de US$ 1 bilhão ainda este ano e a possibilidade de mais US$ 1 bilhão para o próximo ano".
Em 2009, a empresa concluiu um acordo semelhante com a China: só que com um financiamento de US$ 10 bilhões - dos quais US$ 7 bilhões já foram sacados. E com uma diferença: o acordo foi casado com o compromisso da Petrobras de vender à Unipec Asia 200 mil barris por dia durante dez anos.
Washington também deseja comprar petróleo que o Brasil vier a produzir no pré-sal para reduzir sua dependência de fornecedores instáveis. Mas não fez uma transação casada como a chinesa.
"Quando China faz projetos na África ou na América Latina frequentemente eles oferecem financiamentos em troca de contratos de longo prazo de fornecimento de recursos minerais. Essa é a forma que a China opera enquanto outros países operam de acordo com a economia de mercado", disse Hochberg.
"Acreditamos na economia de mercado. Queremos vender, ajudar a promover nossas exportações pelos preços de mercado e comprar produtos do Brasil pelos preços de mercado. São transações separadas", disse, referindo-se ao empréstimo e à intenção dos EUA de contar com o óleo brasileiro.
"Diferentemente do que fazem os chineses, o que fazemos no Ex-Im Bank é ajudar a criar empregos nos EUA e às empresas a venderem produtos e serviços para outros países." Hochberg lembra que a China não é membro da OCDE e "que não atua sob as regras de outros países desenvolvidos". E acrescenta: "O que eu digo é que eu gostaria que a China atuasse nas mesmas condições que a gente."
Hochberg diz que uma de suas metas é fazer o Brasil voltar a pôr os EUA na sua lista de compras. "Os EUA foram o maior parceiro comercial do Brasil por cerca de 40 anos e isso mudou nos últimos dois anos, quando perderam essa posição para a China. Espero ajudar a reequilibrar isso. É meu objetivo."
Fonte: Valor Econômico/Marcos de Moura e Souza | De São Paulo
PUBLICIDADE