Quando a indústria alemã fez "apelo" à presidente Dilma Rousseff por acordo de matérias-primas, na semana passada em Hannover, um dos principais produtos visados eram terras-raras. O Brasil tem uma das maiores reservas do mundo, e estrangeiros estão de olho nesse potencial pouco explorado.
Para a Europa, torna-se cada vez mais urgente garantir abastecimento de material estratégico. A região depende inteiramente da importação de vários minerais que estão concentrados em poucos países, como Brasil, China, Rússia e África do Sul, e são essenciais para a competitividade de sua indústria.
A União Europeia (UE) monitora as 14 matérias-primas mais críticas para a economia europeia. O Brasil é fornecedor especialmente de duas: nióbio e tântalo (tipos de metal) - 84% do nióbio e 51% do minério de ferro importados pelos 27 países da UE vêm do Brasil.
No ano passado, a UE publicou documento estratégico destacando a importância das matérias-primas e os riscos à volatilidade excessiva dos preços. Para Bruxelas, essas flutuações são devidas em parte a medidas protecionistas, reforçando a inflação e falseando os mercados mundiais de commodities, avaliando que isso prejudica sua indústria e agricultura.
Quando a UE tentou discutir com o Brasil uma "carta de intenções" sobre matérias-primas, no ano passado, a reação de Brasília foi clara. O governo avisou que era a favor de uma discussão mais ampla, bem além do fim de restrições à exportação de minerais, para também acabar com as limitações nas importações de produtos agrícolas. A partir daí, os europeus recuaram e não falaram mais no assunto.
O sentimento predominante, em todo caso, é de que a indústria europeia tende a aumentar investimentos no Brasil, garantir abastecimento alternativo e exportar mais a partir do país.
Ontem, quando um jornalista brasileiro mencionou supostas queixas de restrições no Brasil e na Argentina e indagou o que Bruxelas faria, um assessor europeu retrucou: "Estamos preocupados com o aumento de restrições à exportação globalmente. Queremos tratar disso multilateralmente, incluindo no G-20 e na OCDE, e bilateralmente. Mas esse ato contra a China não tem implicações sobre os outros membros [da OMC]. Não posso fazer comentários sobre restrições específicas de outros países".
Segundo uma fonte brasileira, no momento o único produto sobre o qual o Brasil impõe restrição à exportação seria o couro. (AM)
Fonte: Valor Econômico/Por De Genebra
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