Para enfrentar contêineres lotados de roupas importadas da Ásia, principalmente da China, que invadiram os portos do país e do mundo a partir da década de 90, a indústria da moda nacional teve que se reinventar e valorizar seu produto. No início do século, o setor se reorganizou, investiu em qualidade e design. O resultado foi positivo e o preço médio por quilo de roupa exportada pelo Brasil subiu de US$ 16,70 em 2004, para US$ 34,80, em 2009, uma valorização de 108%.
No conjunto, a balança comercial do país tem piorado. No ano passado, as exportações recuaram 20%, acima da queda nas importações, que foi de 9%, o que provocou um déficit comercial de US$ 1,6 bilhão no segmento têxtil e de confecções.
Segundo a Federação da Indústria do Rio de Janeiro (Firjan), o setor têxtil fluminense foi mais o beneficiado pela valorização da exportação em decorrência da moda. Enquanto Santa Catarina, o maior exportador do país, teve uma valorização de US$ 14,90 para US$ 26, e São Paulo, o segundo maior, de US$ 17,90 para US$ 40, o quilo do Rio, subiu de US$ 35 para US$ 67,20 entre 2004 e 2009. Percentualmente, São Paulo teve a maior alta, 123%. No entanto, a moda brasileira mais bem avaliada no mercado internacional é a do Rio, diz João Paulo Alcântara, gerente do Centro Internacional de Negócios da Firjan.
Segundo Alcântara, isto também se reflete no crescimento do volume de exportações dos três maiores produtores do país. Enquanto entre 2001 e 2009 (até novembro), as vendas externas da indústria têxtil de Santa Catarina caíram de US$ 111 milhões para US$ 46 milhões e as de São Paulo, de US$ 75,9 milhões para US$ 51 milhões, as do Rio cresceram de US$ 10,4 milhões para US$ 17,3 milhões. Para Alcântara isto é resultado da decisão da indústria do Rio de investir em moda e não vestuário em geral já na década de 90. "Naquela época houve uma reorganização setorial e um investimento na capacitação do profissional"
Todo este crescimento gera um ciclo virtuoso para a indústria que recebe mais e ganha maior capacidade de investimento. "Só em 2009, a indústria fluminense contratou duas mil pessoas", conta Alcântara. Hoje ela é responsável por 90 mil trabalhadores e é a terceira maior do Estado, atrás da indústria petroleira e de alimentação.
A expectativa do setor é que este volume de contratações aumente em 2010. Em janeiro, ocorreram duas feiras de negócios do setor: o Rio-à-Porter e o Fashion Business. Organizadas na mesma semana, os dois eventos totalizaram quase R$ 1 bilhão em vendas, enquanto, os negócios fechados no mesmo período do ano passado (em uma única feira) somaram R$ 376 milhões. Alcântara pondera que mais empresas participaram dos dois eventos, logo, o número de contratações não será proporcional ao crescimento dos negócios. Mas ele deve aumentar, afirma.(Fonte: Valor Econômico/ Paola de Moura, do Rio)
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