Em meio a crise que se mantém forte e longe de uma solução em parte da Europa e nos Estados Unidos, o Ceará segue perdendo espaço no comércio exterior e registra novo recuo nas exportações em julho último, quando realizou US$ 89,9 milhões em vendas externas, montante 9,82% menor, em relação aos US$ 99,6 milhões anotados em junho e 21,65% inferior ao computado em julho de 2011. Em ritmo semelhante, as importações, também registraram queda de 8,87% em relação ao mês de junho de 2012 e retração de 11,42%,em comparação a julho do ano anterior, confirmando a desaceleração da economia cearense neste ano.
Dessa forma, a corrente de comércio exterior do Estado, que é a soma de todos os valores exportados e importados, obteve no mês de julho passado, US$ 300,0 milhões, uma redução de 9,16%, em relação aos US$ 330,2 milhões de junho, sendo ainda inferior em 14,75%, ao alcançado em julho de 2011. No acumulado de janeiro a julho, as exportações cearenses registraram o valor de US$ 704,5 milhões, apresentando redução de 2,85%, frente aos US$ 725,1 realizados no mesmo período do ano passado.
"Marca da crise"
O desempenho do comércio exterior cearense foi divulgado ontem, pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), confirmando os resultados de outros indicadores econômicos divulgados pelo Diário do Nordeste no mês passado. No Enfoque Econômico, o Ipece mostra que no acumulado deste ano, as importações cresceram 15,59%, somando até julho, US$ 1,35 bilhão, o que eleva o saldo da balança comercial de US$ -451,2 milhões, em 2011, para US$ - 655,3 milhões nos somatório dos sete primeiros meses de 2012.
Para o superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Eduardo Bezerra, o saldo comercial de julho é mais um resultado da cautela geral do mercado com relação ao Brasil do que uma consequência da desvalorização do real. Segundo ele, "a flutuação (percebida nas vendas externas da indústria cearense neste ano) é a marca registrada da crise financeira".
Momento de cautela
Conforme explicou, se os europeus e americanos estão consumindo menos, os supermercados comprando menos e os fornecedores estrangeiros importando menos, forma-se uma cadeia de retração que impacta diretamente nas exportações cearenses, que têm nesses países o foco de suas vendas externas.
Apesar da queda nas exportações em relação a 2011, Eduardo Bezerra avalia que o Ceará fechará 2012 com US$ 1,2 bilhão exportados, montante que para ele "não deve ser considerado tão ruim, posto que estará próximo de 2010". "O momento é de cautela", pondera.
Importações futuras
Da mesma forma, ele avalia quem, se por um lado o incremento nas importações, notadamente de produtos metalúrgicos, como laminados, torres e pórticos de ferros; seguidos de máquinas, equipamentos, aparelhos e materiais elétricos, irá aumentar o déficit na balança comercial, por outro mostra que o Ceará está investindo mais em bens de capital do que em consumo. "A siderúrgica (do Pecém) vai fincar 35 mil estacas de aço e cimento, que serão importadas da China, o que irá elevar as importações. Mas isso não são gastos, são investimentos", explica Bezerra.
Produtos
Os calçados novamente lideraram a pauta dos produtos exportados Ceará em julho, com participação de 29,92%, seguido de couros e peles, 19,83% e castanha de caju, com 12,61%. Os Estados Unidos, a Argentina, seguidos da Holanda, Hungria e China são os países que mais compraram os produtos exportados pelo Ceará, em julho.
Fonte: Diário do Nordeste / Carlos Eugênio
PUBLICIDADE