Em uma década, a participação do Ceará nas exportações brasileiras, que já era pequena, caiu pela metade. De 1%, em 2003, despencou para 0,5% neste ano.
Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), e foram divulgados, ontem, no levantamento intitulado "Ceará em Comex Agosto de 2012" - um estudo feito pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
No comparativo do que foi comercializado para fora do Estado no acumulado deste ano até agosto com igual período de 2011, foi sentida uma perda de 11,2% nas exportações, com retração de US$ 916 milhões para US$ 813 milhões entre janeiro e agosto deste ano na comparação com os oito primeiros meses do ano imediatamente anterior.
Por outro lado, as importações cresceram 6,2%, em similar intervalo. Em dez anos (2003-2012), a participação do Estado em tudo o que entrou no País registrou avanço de 1,1% para 1,4%. Calçados, couros e peles e castanha de caju continuaram liderando.
Destaque para a Hungria que passou para o quinto maior destino exportador do Estado com aumento de 3.741% nas vendas de couros, saindo de participação de 0,1% no ano passado para 3,6% no valor total vendido pelo Ceará.
Posição no ranking
Conforme o CIN, agosto superou o mês de julho, tanto em importações (5,7%) quanto em exportações (21,2%). Mesmo assim, o Ceará ainda perdeu uma posição no ranking nos desempenhos dos Estados nas vendas externas quando se trata dos números que levam em conta o acumulado até agosto de 2012.
Pernambuco ultrapassou o Ceará devido a um crescimento de 65%, que elevou as exportações pernambucanas US$ 563 milhões entre janeiro e agosto de 2011 para US$ 934 milhões em igual período deste ano.
Na região
Quatro unidades federativas localizadas na região nordestina não registraram crescimento na participação de todas as vendas realizadas pelo Nordeste para o exterior: Alagoas, Maranhão, Rio Grande do Norte e Ceará. O CIN leva em conta a comparação entre os oito primeiros meses de 2011 ante igual de 2012.
Na opinião de Marta Campelo, coordenadora do Projeto de Internacionalização das MPES do Ceará do Sebrae, é preciso identificar as causas desse desempenho e repará-las o mais rápido possível. "Os outros estados cresceram e, infelizmente, nós tivemos um recuo nas exportações. Isso tem que ser reavaliado. As instituições que fazem parte desse segmento do comércio exterior devem estudar o que está acontecendo para buscar alternativas e respostas para isso no intuito de voltar a alavancar as exportações cearenses".
Reflexo nos parceiros
Houve queda nas exportações de 50% dos dez principais compradores do Ceará enter janeiro e agosto deste ano e similar intervalo do ano passado. Os recuos variaram entre 13% (Alemanha) e 46% (Itália). Entre eles, os dois maiores clientes do Estado que são Estados Unidos e Argentina com, respectivas quedas de 24% e 34%. Além disso, também houve retração de 44% para o Reino Unido.
No ponto de vista de Marta Campelo, a turbulência na economia internacional vem impactando nesse resultado. "Alguns parceiros diminuíram as compras de produtos do Estado enquanto outros simplesmente deixaram de comprar. Os Estados Unidos, desde 2009, vem reduzindo a quantidade de compras. Em relação à Argentina o quadro é ainda mais preocupante, pois sempre foi um bom mercado de destino das nossas mercadorias", comenta.
Importações
Até nas importações provenientes desses dois parceiros históricos do Ceará houve retração. Os Estados Unidos venderam 27% a menos no acumulado do ano até agosto ante idêntico período de 2011. Já dos argentinos, o Estado comprou 8% a menos.
Os itens mais procurados foram ferro e aço; combustíveis e óleos minerais; geradores e eletroeletrônicos. Mas também houve crescimento expressivo de 3.304,4% nos veículos e material para vias férreas.
Fonte: Diário do Nordeste / Ilo Santiago Jr.
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