As exportações do agronegócio brasileiro bateram recorde em julho e alcançaram US$ 11,29 bilhões, 15,8% mais que no mesmo mês de 2020. Os embarques em julho nunca haviam superado US$ 10 bilhões.
O crescimento refletiu o aumento dos preços dos produtos exportados, segundo nota do Ministério da Agricultura, já que o volume embarcado registrou retração de 9,9%.
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O índice de cotação dos itens exportados registrou elevação de 28,5% na comparação. A alta foi puxada pelos efeitos do clima em regiões produtoras de cereais e carnes e pela demanda chinesa por importações. Já o açúcar sofreu influência das incertezas sobre o impacto das geadas no Brasil e da manutenção dos preços firmes do petróleo.
A participação do setor nas exportações totais do país recuou para 44,2%, ante 50,2% em julho de 2020. A China seguiu como principal destino, responsável pela compra de 35,2% das exportações do agro no mês passado (US$ 3,97 bilhões).
As importações do agronegócio também aumentaram em julho — 25,8%, para US$ 1,24 bilhão. Com isso, o superávit comercial chegou a R$ 10,05 bilhões, elevação de 14,7%.
Complexo soja
O valor das exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) cresceu 21,6% em julho e atingiu US$ 5,01 bilhões, um recorde para o mês. “Mesmo com a queda na quantidade exportada de soja em grãos (de aproximadamente 10 milhões de toneladas em julho de 2020 para 8,7 milhões de toneladas em julho de 2021), a elevação do preço médio de exportação da oleaginosa brasileira em 32,5% fez com que o valor exportado alcançasse cerca de US$ 4 bilhões”, informou o ministério.
O volume das exportações do grão foi afetado pelo recuo demanda chinesa. “Com grandes estoques de soja disponíveis e mercados oferecendo preços mais baixos para embarques no último trimestre de 2021, menores embarques globais de soja são esperados nos próximos três meses”, pontuou a Pasta. Para o farelo de soja houve altas de volume e receita, puxadas pelas vendas à UE.
Embarques de carnes
As vendas externas de carnes atingiram desempenho inédito para julho, com US$ 2,03 bilhões. O número foi puxado pelos aumentos de 24% dos preços médios de exportação e de 8,8% do volume embarcado. As exportações de carne bovina alcançaram US$ 1,01 bilhão, cifra 30% superior ao registrado em julho de 2020, graças à elevação de quase 32% na cotação do produto, influenciada pela oferta menor em países produtores, como Brasil e Estados Unidos.
O
s embarques de carne de frango cresceram 48,9%, chegando a US$ 698,21 milhões, valor recorde para todos os meses da série histórica, segundo o ministério. Emirados Árabes Unidos, México e Filipinas aumentaram as compras significativamente, e a desvalorização do real em relação ao dólar manteve o produto brasileiro competitivo mesmo com a elevação do preço do milho.
A carne suína também teve recorde em julho, com aumento de 21% no valor exportado (US$ 232 milhões) e de 2,9% na quantidade, para 93 mil toneladas. “A forte demanda chinesa, responsável por 54,7% do valor exportado, juntamente com os custos para preparação de ração, justificam a alta dos preços e dos valores exportados”, explica a Pasta.
Produtos florestais
Produtores florestais também tiveram forte desempenho em julho, com exportações de US$ 1,3 bilhão, alta de 41,4% ante o mesmo mês do ano passado. Já o setor sucroalcooleiro amargou queda de 10,5% nos valores vendidos, para US$ 930,06 milhões, influenciada pela diminuição nos embarques de açúcar.
No acumulado do ano, as exportações do agronegócio brasileiro cresceram 19,9%, com US$ 72,7 bilhões em negócios, também um recorde para o período. As importações cresceram 21% de janeiro a julho e chegaram a US$ 8,74 bilhões.
Com isso, o superávit do agronegócio ficou em US$ 63,96 bilhões nos sete primeiros meses do ano, 19,7% maior que em intervalo de 2020. O resultado foi puxado pelo complexo soja, com avanço de 24,4% para US$ 34,18 bilhões. Na sequência vieram as carnes, com US$ 11,07 bilhões (incremento de 13,2%).
A China foi o destino de 38,4% das exportações do agronegócio de janeiro a julho, de acordo com os dados do Ministério da Agricultura.
Fonte: Valor