A falta de chuvas está adiando o plantio de milho no Paraná e também pode comprometer a qualidade do trigo. Em anos anteriores, cerca de 9% da área destinada ao milho estava plantada, mas agora o agricultor está esperando maior umidade do solo e o plantio não chega a 2%. “Há um ligeiro atraso e a expectativa é de que não venha a atrapalhar a safra”, diz Marcelo Garrido, economista do Departamento de Economia Rural (Deral), da secretaria de Agricultura do Estado.
O período para o plantio do milho, em algumas regiões, começou no fim de agosto. Para a soja, ele terá início em 21 de setembro. De acordo com a meteorologista Beatriz Porto, do Instituto Tecnológico Simepar, não há indicativos de chuvas para o Paraná nos próximos cinco a sete dias.
“No fim do mês devemos entrar em períodos de chuvas mais frequentes”, diz ela, lembrando que há indicativo de retorno do fenômeno El Niño.
Beatriz contou que, no Noroeste do Estado, por exemplo, não chove há 40 dias. A meteorologista explicou que agosto costuma ser mês de poucas chuvas, mas em 2012 o índice foi o mais baixo dos últimos dez anos no Paraná.
Se a estiagem persistir e houver adiamento também no plantio de soja, o que pode acontecer, lá na frente, é o cultivo da safra de inverno 2013 também começar mais tarde e o produtor ficar exposto a ocorrências de geadas, comentou Garrido, do Deral.
Sobre o trigo, ele explicou que três ocorrências climáticas atingiram a cultura. Em maio houve geada. Em junho, algumas regiões sofreram com excesso de chuvas. Depois disso, veio a estiagem. Mesmo assim, a estimativa de colheita não foi alterada. O Estado deve produzir 2,12 milhões de toneladas do grão, 13% menos que na safra anterior, porque a área de cultivo teve redução de 29%.
O agrônomo Hugo Godinho, do Deral, estima que estejam colhidos mais de 103 mil hectares de trigo no Estado, de um total de 760 mil hectares. “Este número apesar de abaixo da média das últimas safras está dentro do esperado devido a concentração de plantios na região Sul, onde a colheita é mais tardia.”
Em seu último relatório sobre o grão, o agrônomo comenta que no Norte e no Oeste o período seco tem ajudado o bom andamento da colheita, permitindo a obtenção de um produto de qualidade superior e produtividade próxima da normal.
“Em algumas lavouras mais precoces houve problemas de qualidade devido ao grande volume de chuvas em maio, porém esta fração é pouco significativa”, diz. Na região Sul, no entanto, “colheita é incipiente e há mais de 300 mil hectares que não atingiram a maturação”, acrescenta. “Nessas áreas a falta de precipitações no mês de agosto tem causado preocupações, sendo que já não há possibilidade de obter a produtividade esperada inicialmente.”
Fonte: Valor / Marli Lima
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