Em meio a um conjunto de reestruturações com o objetivo de promover seu crescimento principalmente nos países emergentes, a finlandesa Metso nomeou um executivo brasileiro para o comando de uma de suas principais divisões, de Mineração e Construção. João Ney Colagrossi assume a presidência global da área em janeiro de 2014 e ficará baseado no Brasil.
Atualmente, Colagrossi é presidente da linha de Serviços da área de Mineração e Construção. No ano que vem, substituirá Andrew Benko, a quem atualmente se reporta, e passa a responder ao presidente global da Metso, Matti Kähkönen. Com faturamento anual de aproximadamente €3 bilhões, a área de Mineração e Construção é considerada uma das principais da empresa e tem atuação mais forte na América do Sul, na África do Sul e na Austrália.
A Metso faturou €7,5 bilhões no ano passado e oferece serviços, equipamentos e outras soluções para indústria e infraestrutura. Além de Mineração e Construção, possui outras duas divisões: de Automação, com atuação mais forte no setor de óleo e gás, e de Papel e Celulose, que deixará de fazer parte da empresa no ano que vem.
A decisão de separar os negócios de papel e celulose faz parte da reestruturação global da empresa. A área passará a ser uma nova empresa independente a partir de janeiro de 2014. A decisão foi tomada porque a empresa não tinha ganhos de sinergia com os negócios.
Segundo comunicado no site da Metso, a empresa resultante da cisão se chamará Valmet. O nome foi resgatado das origens da companhia, que foi fundada em 1999 a partir da junção das centenárias Valmet (com atuação na indústria de papel e celulose) e Rauma (mais forte em automação e outros setores industriais).
Durante a maior parte de sua história, a Metso esteve centrada nos países desenvolvidos. Nos últimos anos, porém, os mercados emergentes vêm se mostrando mais promissores, o que levou a companhia a destacá-los em sua estratégia de crescimento.
As Américas Central e do Sul e a região Ásia-Pacífico, por exemplo, eram responsáveis por menos de um quarto das receitas da companhia em 2002. No ano passado, geraram 42% do faturamento da companhia.
Sozinho, o Brasil foi responsável por aproximadamente 10% do total. Não à toa, Colagrossi ficará baseado em Sorocaba (SP), de onde vai coordenar um grupo formado por dez outros executivos, sendo três presidentes e outros sete vice presidentes seniores.
A missão do executivo brasileiro é manter o crescimento de sua área, que vem sendo puxado pela linha de serviços. De 2009 para cá, a receita deste segmento cresceu 10% ao ano. No ano passado, rendeu à empresa um faturamento de € 1,7 bilhão, metade da receita de toda a divisão de Mineração e Construção.
Como tem uma receita mais previsível, a Metso tem como um de seus principais objetivos o crescimento em prestação de serviços. "Vemos que é esta é uma área de crescimento estável, menos afetada pelas oscilações de mercado. Mesmo quando atividade econômica cai um pouco, a volatilidade no negocio de serviços é menor do que em equipamentos", afirmou.
"Já a mineração é um setor mais cíclico. A volatilidade do preço das commodities pode levar as empresas a ficarem mais seletivas em seus investimentos", acrescentou. A área de mineração da Metso oferece equipamentos para toda a cadeia do setor, como para britagem em exploração mineral e atividades portuárias, por exemplo.
No segmento de construção, a empresa tem equipamentos de produção de agregados minerais, como os usados em pedreiras.
No Brasil, a empresa possui 16 unidades, sendo que a maior delas em serviços está em Paraupebas (PA), onde atende a Vale e outras companhias. Entre seus clientes estão também Odebecht, Camargo Corrêa, MMX, Samarco e Gerdau.
Seus planos para os próximos meses, segundo Colagrossi, incluem a inauguração de mais dois centros de serviços, ambos em Minas Gerais, para atender mineradoras da região.
No exterior, a empresa está se expandindo principalmente no Chile, com uma unidade de serviços para atender a mineradora Antofagasta, e na China. No país asiático, está em processo de consolidação da aquisição de três empresas, segundo Colagrossi. Uma delas é uma fundição. "Também estamos aumentando bastante nossos recursos na Austrália e na África do Sul. E já investimos muito na Índia nos últimos oito anos", disse o executivo.
Feitas as ofensivas nos países emergentes, a empresa pretende segurar um pouco os investimentos no ano que vem. "Seremos bastante seletivos, mas não restritivos na aplicação de capital", afirmou Colagrossi. A Metso terminará 2013 com investimentos de aproximadamente €160 milhões, mesmo nível do ano passado.
Fonte: Valor Econômico/Olivia Alonso | De São Paulo
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