Diante de um cenário de volatilidade entre os mercados emergentes, o FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê um período de "turbulência" para a América Latina nos próximos meses.
Apesar da estimativa de uma pequena aceleração no crescimento na região -de 2,6% em 2013 para 3% em 2014-, o fundo afirma que os investidores podem começar a abandonar os mercados mais vulneráveis se eles não se protegerem a tempo.
Segundo o diretor do FMI para a América Latina, Alejandro Werner, é melhor os governos da América Latina e do Caribe "não relaxarem por enquanto".
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O primeiro risco para a região é a decisão do Fed (banco central americano), anunciada anteontem, de seguir cortando seu programa de estímulos em razão de um avanço da economia americana.
Apesar do argumento do Fed de que uma economia mais sólida nos EUA beneficia os emergentes, Werner afirma que o impacto positivo ficaria restrito a México -que deve ser um dos destaques neste ano e se expandir 3%, acima do 1,2% de 2013- e países da América Central.
Para ele, o Brasil e o resto da América do Sul veriam menos benefícios imediatos da recuperação americana.
Outro risco seria a queda na demanda por matéria-prima desses países, considerando, especialmente, a suave desaceleração da China, seu grande importador.
"As perspectivas de crescimento da China são particularmente importantes para os países exportadores da América Latina", disse o diretor.
Para Werner, o Brasil não está imune à volatilidade dos demais emergentes, mas suas perspectivas dependerão mais das "condições internas", como a recuperação do crescimento a médio prazo.
Segundo o FMI, o país, que tem um crescimento de 2,3% previsto para este ano, precisa melhorar sua política fiscal para crescer e combater gargalos na infraestrutura. "O Brasil está correndo contra restrições da oferta que estão limitando a expansão do produto e empurrando para cima a inflação", disse Werner.
Os casos de Argentina e Venezuela, no entanto, são considerados "menos favoráveis", segundo o fundo.
"Na Argentina e na Venezuela, começaram a surgir, em 2013, pressões sobre inflação, balança de pagamentos e mercados cambiários. Essas pressões estão afetando negativamente a confiança e a oferta agregada", afirmou.
O FMI, porém, não mostra preocupação com os efeitos da turbulência na Argentina entre os vizinhos. Segundo Werner, a relação comercial entre os países da região não está mais tão conectada e nações menores como Uruguai e Paraguai já estão mais preparados contra o "contágio" por terem diversificado seus parceiros comerciais.
Fonte: Folha de São Paulo/ISABEL FLECK DE NOVA YORK
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