WASHINGTON - As perspectivas pouco favoráveis para os preços de commodities e para o investimento evidenciam o risco de a América Latina enfrentar um período mais longo de baixo crescimento, segundo Alejandro Werner, diretor para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI). A aceleração do ritmo de avanço da região não deverá vir de um aumento significativo da demanda externa pelos produtos dos países latino-americanos, nem de um impulso dos gastos públicos, disse ele nesta quarta-feira.
O impulso terá que ocorrer pela expansão do investimento e da produtividade, o que leva tempo e exige trabalho duro, de acordo com Werner. Para mudar esse cenário, os países da América Latina precisam focar mudanças estruturais em educação, infrestrutura, saúde e no ambiente regulatório, afirmou ele, ao falar com a imprensa sobre as perspectivas para a região. O FMI reduziu a previsão de expansão da região para 2015, de 0,9% para 0,5%, e a de 2016, de 2% para 1,7%.
Com a expectativa de menor crescimento das receitas do setor público, é fundamental aumentar a eficiência dos gastos do governo, destacou Werner. Se na última década vários problemas foram resolvidos pelo aumento do volume de recursos destinados à saúde e ao combate à pobreza, no cenário atual é crucial que os mesmos valores consigam fazer mais, de modo mais eficiente.
Ao comentar a desaceleração recente do crescimento da América Latina, Werner destacou a perda de força do investimento, especialmente do setor privado. O movimento foi especialmente significativo nos setores que produzem commodities, devido ao recuo dos preços. A dívida elevada de muitas empresas, num cenário de aperto das condições financeiras externas, também pode afetar o investimento, disse ele. A perspectiva de alta dos juros nos EUA neste ano, além de elevar o custo de financiamento, pode trazer mais volatilidade aos mercados.
Segundo Werner, as estimativas do FMI são de que a combinação de aumento dos juros americanos e de recuperação mais forte da economia dos EUA têm um efeito líquido “ligeiramente negativo” para os países do Cone Sul. Para esses países, a elevação dos juros tende a sobrepujar o impacto favorável do crescimento mais robusto, uma vez que as relações comerciais não são tão intensas. No caso do México, da América Central e da Colômbia, o impacto deve ser ligeiramente favorável, dada a maior integração comercial com os EUA.
Fonte: Valor Econômico/Sergio Lamucci
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