O crescimento econômico deverá declinar globalmente no próximo ano, e os emergentes não vão sair imunes dos crescentes problemas que afetam a Europa e os Estados Unidos, apesar de seus melhores fundamentos, dizem analistas.
Indicadores da Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica (OCDE), divulgados ontem, apontaram um possível pico na atividade nos EUA, Japão e Rússia no mês passado.
Alemanha, Itália, França, Reino Unido, Canadá, Brasil, China e Índia "continuam na direção de desaceleração da atividade econômica". O clima de degradação é geral nas principais economias mundiais, segundo a OCDE.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) mantém pelo momento projeções de expansão econômica de 2,5% em 2011/12 nas economias avançadas, desacelerando em comparação aos 3% de 2010. E de 6,5% nos países emergentes, contra 7,5% no ano passado.
Já a Fathom Consulting, de Londres, vê a situação bem diferente da de 2008. Desde 2007, estima que governos estimularam a liquidez global em cerca de US$ 5 trilhões, ou 8% do PIB mundial. Agora, a reza é por consolidação fiscal, em meio a um forte desemprego.
A consultoria acha que a desaceleração será mais forte tanto nos avançados como emergentes, embora esses devam se sair bem melhor. Para a China, o pessimismo é de rigor. Enquanto o FMI projeta expansão econômica de 9,5%, a Fathom aposta em apenas 6,3% ano que vem. Para o Brasil, o FMI projeta 4,1% e a consultoria, 3,4%.
Para a Capital Economics, as maiores economias do mundo vão continuar afetadas por algum tempo, e a zona euro representará um "perigo maior" para a estabilidade global. Assim, projeta queda de crescimento econômico forte, para apenas 0,5% no ano que vem, e continua vendo risco de quebra da união monetária europeia.
Para a consultoria, apesar dos melhores fundamentos, os emergentes não sairão ilesos, por causa de menor demanda para exportações e possível problema no fluxo global de capital. Ao mesmo tempo, produtores de commodities poderiam ser afetados com uma queda nos preços.
No geral, porém, há claras diferenças entre os emergentes. Os mais vulneráveis são os do Leste Europeu. Eles dependem mais de vendas para a combalida zona euro, dependem mais de capital externo para financiar suas despesas (sobretudo a Turquia), tem altos déficit públicos e pouco espaço para estímulo econômico Alem disso, a Rússia, maior economia da região, será atingida pela queda no preço do petróleo.
A América Latina está em melhor situação, mesmo se os preços de commodities caírem mais. A expectativa é que, nesse cenário, as bolsas no ano que vem vão superar o desempenho das outras bolsas. Assim, pode ocorrer que, no caso da região, o fluxo de capital externo continue apoiando o crescimento, mas também acumulando problemas no futuro.
Fonte: Valor
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