Apenas um em cada US$ 10 usados na resposta à crise causada pela covid-19 beneficiou as chamadas energias limpas ou medidas para melhorar a eficiência energética nos países do grupo
Os países do G-7 destinaram mais recursos ao setor de combustíveis fósseis do que para a energia limpa em seus planos para conter a crise causada pela pandemia, apesar das promessas de promover uma recuperação verde após a devastação econômica gerada pela covid-19.
Um novo estudo divulgado nesta quarta-feira mostra que as principais economias globais usaram US$ 189 bilhões para apoiar os setores de petróleo, carvão e gás entre janeiro de 2020 e março deste ano. Em comparação, os países gastaram US$ 147 bilhões em energias verdes.
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A maior parte do dinheiro foi repassado “sem amarras”, ou seja, sem nenhuma exigência que as empresas que receberam a ajuda reduzissem sua pegada de carbono, de acordo com a pesquisa realizada em parceria pela Tearfund, pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (ISSD) e pelo Instituto de Desenvolvimento Ultramarino (ODI).
Apenas um em cada US$ 10 usados na resposta à crise causada pela covid-19 beneficiou as chamadas energias limpas ou medidas para melhorar a eficiência energética nos países do G-7.
Lucile Dufour, conselheira de políticas do IISD, afirmou que os investimentos em energia renovável e em eficiência energética devem ser uma prioridade do G-7 no trabalho de descarbonizar suas economias. “Mas [essas políticas] não terão retorno enquanto os países do G-7 continuarem a apoiar a indústria de combustíveis fósseis”, disse ela, pedindo que os países do grupo deixem de apoiar novos projetos no setor.
Em maio, o G-7 anunciou um acordo para encerrar o apoio financeiro para a construção de usinas termoelétricas a carvão e para a produção de carvão no exterior. Os países também reafirmaram o compromisso de limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais, uma das metas do Acordo de Paris, e se comprometeram a eliminar o carvão de seus setores de energia na década de 2030.
Os líderes do G-7 se reunirão na próxima semana no Reino Unido. Anfitrião do evento, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que quer que o grupo adote ações para que a reconstrução econômica global seja mais verde após a pandemia. Além dos países do grupo, foram convidados para o evento África do Sul, Austrália, Índia e Coreia do Sul.
Fonte: Valor