SÃO PAULO - O ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ontem, quarta-feira, que a estratégia de cortar investimentos adotada pela empresa é “perigosa”.
“Essa estratégia de focar apenas no curto prazo é perigosa. Você precisa pensar no curto prazo, mas também pensar no longo prazo. Não há refinaria que comece a funcionar em menos de quatro, cinco anos, não há gasoduto grande que comece a funcionar em menos de quatro, cinco anos. A exploração de um campo de petróleo demora mais de 30 anos”, disse ao Valor quando questionado sobre a nomeação de Pedro Parente para presidência da Petrobras. Ele, contudo, não citou o novo presidente nominalmente. O ex-presidente da estatal (entre 2005 e 2012) participa de evento na Fundação Perseu Abramo, hoje e amanhã, em São Paulo.
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Para Gabrielli, a empresa precisa estar preparada para a alta do preço das commodities. “Os preços de petróleo já caíram, agora estão subindo e vão subir mais”, disse.
Segundo ele, o mercado tem mostrado “grande apetite” pelos papéis da companhia. “A última emissão foi de US$ 6,5 bilhões, mas a demanda foi de mais de US$ 20 bilhões. Isso no mercado tradicional. Há ainda o mercado não tradicional, como a China, e as operações estruturadas”, disse.
A Petrobras tem problemas financeiros para serem resolvidos, admite, mas, de acordo com ele, são questões de curto prazo, até 2019. “Em 2016 e 2017 já está resolvido. A empresa terminou 2015 com R$ 100 bilhões em caixa”, disse. O fluxo de caixa positivo “dos últimos cinco, seis trimestres” e um aporte chinês de US$ 10 bilhões no começo deste ano “equacionaram a dívida de 2017”. “A empresa está com um Ebitda razoável, que vai melhorar com os preços domésticos estáveis e os internacionais aumentando”, afirmou.
Por isso, Gabrielli disse que não enxerga como positiva ou provável uma capitalização da Petrobras. “Isso implicaria na diluição dos acionistas minoritários, o que não é bom, e exigiria do governo um recurso que ele não tem.”
Fonte: Valor Economico/Estevão Taiar