A Gerdau Ameristeel, fabricante de aço nos Estados Unidos do grupo brasileiro Gerdau, está pleiteando a isenção de imposto sobre a compra de energia elétrica para a sua usina na cidade de Jacksonville, Estado da Flórida. Se o pedido for aprovado no legislativo da cidade, a companhia deverá deixar de pagar valor estimado em US$ 3,5 milhões em tributos nos próximos cinco anos.
A Gerdau Ameristeel, que sofreu uma queda de 46% nas suas vendas nos Estados Unidos em 2009, em valores acumulados até setembro, afirma que o pedido de isenção tem mais a ver com as condições locais dessa fábrica do que com dificuldades que a companhia está enfrentando no mercado americano como um todo. Em Jacksonville está apenas uma das 19 usinas de pequeno porte (minimills) da empresa na América do Norte.
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Segundo a empresa, o preço da energia elétrica na unidade de Jacksonville subiu 26% nos últimos três anos, passando dos mais baixos para os mais altos entre as localidades em que a Gerdau está presente. A isenção de impostos, diz a companhia, é relevante para a operação local, mas tem pouco impacto nas operações globais da companhia nos Estados Unidos - representa apenas 0,1% das vendas observadas em 2009, até o terceiro trimestre. As operações nos Estados Unidos enfrentam dificuldades, informa a companhia, mas a variável que deve resolver o problema é a retomada da demanda por aço, não eventuais concessões de benefícios pelo governo.
Essa não é a primeira vez em que, de uma forma ou de outra, a Gerdau discute apoio oficial para manter operações nos Estados Unidos. No começo deste mês, a companhia anunciou que manteria fechada a sua unidade de Sand Springs, Estado de Oklahoma, que tinha sido interrompida em meados de 2009, mesmo depois que o governo estadual ofereceu um pacote de incentivos. A companhia, na ocasião, informou que manteria fechada a fábrica em virtude das condições adversas de demanda, da necessidade de uma força de trabalho mais flexível e da exigência de novos investimentos.
Em meio a uma grave crise na economia americana, que afetou o setor de construção civil, de onde vinha o grosso da demanda por aço, a Gerdau tem sido beneficiada também por uma cláusula conhecida como "buy american" aprovada pelo legislativo federal. O dispositivo obriga o uso de aço americano nos projetos incluídos no pacote de investimentos de US$ 150 bilhões baixado pelo governo para ajudar a economia a sair da recessão. Alguns governos locais, como St Paul City, no Estado de Minnesota, também aprovaram uma cláusula semelhante de incentivo as empresas americanas nos projetos de investimento.
Em Jacksonville, o projeto que concede isenção à Gerdau foi apresentado pelo conselheiro Ray Holt, um membro do legislativo local. O projeto está ainda sendo analisado pelas diversas comissões. Na proposta, Holt diz que, devido aos custos locais de produção mais altos, a Gerdau foi forçada a deslocar parte de sua produção para outros dois estados, Tennessee e Nova Jersey, cortando o número de funcionários de 339 para 308. Mas, segundo o projeto apresentado por Holt, a concessão do benefício pode trazer benefícios à cidade mais para a frente - já que é esperado um crescimento da demanda com a futura expansão do Canal do Panamá.
Em Jacksonville, os incentivos tributários tem sido questionados por parte da opinião pública. Um dos argumentos é que, em geral, incentivos econômicos devem ser concedidos para aumentar empregos, não para evitar a perda de postos de trabalho.
A Gerdau aumentou sua presença nos Estados Unidos nos últimos anos com a compra de usinas de pequeno porte espalhadas pelo país. Além da Gerdau Ameristeel, a companhia também controla a Gerdau Mcsteel, que também tem sofrido os efeitos da crise econômica.(Fonte: Valor Econômico/ Alex Ribeiro, de Washington)
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