O governo do estado do Rio Grande do Sul e a prefeitura de Guaíba apostam em dois atributos do Estado para atrair a primeira fábrica de caminhões da chinesa Foton para o Brasil. Oferta e qualidade da mão de obra e cadeia de fornecedores do ramo de veículos de transportes consolidada seriam vantagens frente ao adversário mais forte na disputa, o estado do Rio de Janeiro, segundo admitiu o vice-presidente corporativo da Aumark Foton, braço do grupo estrangeiro no Brasil, Orlando Merluzzi. Uma área de 150 hectares no terreno que já foi destinado à montadora Ford será o local da instalação, caso a opção gaúcha vença.
Em entrevista publicada ontem pelo Jornal do Comércio, Merluzzi afirma que o Estado é a primeira opção e que faltariam detalhes para firmar um acordo. As condições da negociação, aberta em setembro de 2012, estariam 85% atendidas. A decisão sairá neste mês, garantiu o executivo. ”Agora é aguardar para ver o que vai ocorrer”, comentou o prefeito da cidade vizinha a Porto Alegre, Henrique Tavares (PTB). O administrador lembra que Estado e município alcançaram tudo o que era possível. “Esticamos ao máximo”, garantiu o prefeito, apontando incentivos para adiar o recolhimento no pagamento de impostos municipais e de custeio de serviços para a implantação. O Estado inseriu o projeto em leis de incentivo, como Fundopem e Integrar, mas não revela detalhes das concessões.
“Semelhante ao que fizemos com o novo complexo da Celulose Riograndense”, comparou Tavares. O projeto para quadruplicar a produção da celulose, pertencente ao grupo chileno CMPC, é o maior investimento em andamento no Rio Grande do Sul, de quase R$ 5 bilhões. As conversações com a Aumark Foton, ligada à Beiqi Foton Motor, estão concentradas na Sala do Investidor, ligada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Promoção ao Investimento (SDPI). Tavares também esclareceu que um acampamento indígena que surgiu às margens da Estrada do Conde não está na área reservada à Foton. O município enviou ofícios à Funai e aos ministérios públicos federal e estadual pedindo a remoção. O governo também tomará providências.
Ivan de Pellegrin, presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), considera que a expectativa é muito positiva sobre o desfecho favorável ao Estado e reforçou o trunfo da existência de um parque metalmecânico com maior tradição, principalmente situado na Serra e Região Metropolitana, com perfil ligado ao ramo de transportes, nicho da Foton. Grifes globais do segmento estão nas duas regiões, como Randon, Marcopolo e Navistar, que inaugurou na terça-feira uma unidade em Canoas. “Temos estrutura montada para receber esta oportunidade”, motiva-se o presidente da AGDI.
Pellegrin foi o primeiro interlocutor com Merluzzi. “Ele pegou um avião e veio aqui conversar e apresentou o que o Estado podia oferecer. De uma maneira muito competente, convenceu-nos de que o Estado seria a alternativa viável”, recordou o vice-presidente corporativo. O executivo da AGDI contou que a Foton entrou no radar da apuração sobre companhias que indicam intenção de implantar projetos. “Mas envolvia máquinas. Na conversa, o Merluzzi revelou que havia outro empreendimento, de caminhões. Às vezes, a gente tem a felicidade de acertar”, comentou Pellegrin. A agência acompanha hoje cerca de 40 iniciativas. O dirigente também assegurou que obras na rodovia (duplicação) e de infraestrutura serão realizadas e no prazo da fábrica. “Temos recursos para isso.”
Fonte: Jornal do Commercio (RS)/
Patrícia Comunello
PUBLICIDADE