A Glencore acertou ontem a compra da trading de grãos Viterra, do Canadá, por 6,1 bilhões de dólares canadenses (US$ 6,2 bilhões) em dinheiro, acordo que dará à empresa listada na bolsa de Londres uma base de operações na América do Norte, crucial para sua atuação no mercado agrícola.
O controle da Viterra, cuja sede fica em Regina, na Província de Saskatchewan, desencadeou uma disputa acalorada nos últimos meses, com as grandes tradings de grãos tentando aproveitar a iminente desregulamentação do mercado canadense de trigo.
O valor da oferta (16,25 dólares canadenses por ação) foi 48% superior ao do dia anterior ao início dos rumores sobre a possibilidade de que um acordo pudesse ser fechado neste mês. O negócio ainda precisa ser aprovado pelas autoridades reguladoras do Canadá e pelos acionistas da Viterra. A oferta também equivale a 22 vezes o lucro projetado da empresa, conforme a Bloomberg.
A americana Archer Daniels Midland (ADM), que era vista como favorita na disputa, informou em comunicado que decidiu não participar porque uma aquisição pelo valor a ser pago pelo consórcio da Glencore "não alcançaria seus objetivos de retorno [financeiro]".
A Glencore se comprometeu a vender parte da Viterra por 2,6 bilhões de dólares canadenses em dinheiro a duas outras empresas canadenses - a Agrium, produtora de fertilizantes, e a também trading Richardson International. Esse acordo paralelo vai assegurar que a maioria das operações da Viterra no Canadá continue em mãos canadenses e isso pode ajudar a agradar as autoridades reguladoras do país, que vetaram várias grandes aquisições por estrangeiros nos últimos anos.
Além disso, a nova divisão agrícola norte-americana da Glencore terá sede em Regina, Saskatchewan. "Não esperamos nenhum problema quanto à aprovação dos reguladores", disse Chris Mahoney, chefe da divisão agrícola da Glencore. O acordo tem o aval do conselho de administração da Viterra e de seu maior acionista, a Alberta Investment Management Corporation.
O acordo com a Viterra acontece ao mesmo tempo em que a Glencore tenta uma fusão com a Xstrata, mineradora com ações listadas em Londres, que poderá criar uma potência de US$ 90 bilhões no mercado de recursos naturais.
Essas negociações não serão afetadas pelo acerto anunciado ontem, mas fontes que acompanham essas movimentações dizem que diminuiu a probabilidade de que a Glencore compre a Gavilon, uma trading com sede nos EUA que também vem sendo sondada por possíveis compradores. Mahoney não comentou o eventual interesse de sua empresa na Gavilon, mas disse que a Glencore "almeja se expandir nos EUA", e por meio de aquisição
Fonte: Valor Econômico/Por Jack Farchy | Financial Times/Colaboraram Anousha Sakoui e Javier Blas)
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