RIO - Quase um ano depois do maior acidente na exploração de petróleo da história, com a explosão da plataforma e vazamento de óleo no campo de Macondo, no Golfo do México, o secretário do Interior dos Estados Unidos, Ken Salazar, veio ao Brasil para trocar experiências com o governo e o órgão regulador (Agência Nacional de Petróleo, ANP) sobre as práticas brasileiras de exploração de petróleo offshore.
Desde o acidente, os EUA suspenderam as licenças de exploração no Golfo do México e está começando a voltar a permitir a instalação de plataformas na região. Em março, o governo americano liberou a perfuração de sete poços em águas profundas, com a utilização de FPSO (unidades de produção e armazenamento de petróleo), mas a estimativa é de apenas a partir de 2012 estará apto a vender novos blocos de óleo e gás no Golfo do México.
Salazar, na primeira visita de um membro do gabinete de Obama ao Brasil para dar continuidade à agenda do presidente americano no país, afirmou que os EUA só vão voltar a permitir as perfurações se houver a certeza de que é seguro.
"Esperamos ver mais poços, mas vai depender do tipo de informação que formos capazes de desenvolver. A exploração só vai acontecer onde acharmos que for seguro, e onde possamos fazer de uma forma que proteja o meio ambiente", disse, em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro.
Ele afirmou que os Estados Unidos pretendem sim abrir novas áreas de exploração no Golfo do México. "Esperamos estar aptos a vender blocos no Golfo do México em 2012", disse. Até lá, o país conta com áreas já concedidas nas águas do Alasca e do Pacífico também. São ao todo 37 milhões de hectares na área offshore que poderão ser exploradas por empresas de petróleo, sendo que apenas 10 milhões estão produzindo. Então, ainda há 27 milhões para serem desenvolvidos. "Estamos examinando candidaturas para essa região", disse.
O secretário americano afirmou que o país realizou, após o acidente de Macondo, o maior esforço de regular a indústria de petróleo na história dos Estados Unidos, o que levou à aprovação de novas regras de perfuração com segurança, incluindo detalhes do design das sondas de águas profundas e de como são revestidas. A outra mudança trata dos sistemas de segurança ambiental e dos trabalhadores.
O acidente de Macondo deixou diversas lições para o setor, Salazar acredita que tanto o governo como as empresas estavam em estado de complacência, porque eram confiantes de que acidentes daquele porte jamais aconteceriam. "Nunca podemos ter complacência, porque o que ocorreu ali poderia ter acontecido em qualquer lugar do mundo", disse.
A outra lição é que os avanços tecnológicos podem acabar embutindo também um riso mais elevado às operações, já que anteriormente não se conseguiria chegar a águas tão profundas como hoje. A outra lição que fica é a de necessidade de regulamentação governamental, para fazer com que tanto o governo como a indústria mude de postura e passe a dar prioridade à segurança.
O secretário americano considerou de grande importância o estreitamento de relações com o Brasil, não somente na troca de experiências em óleo e gás, mas também no setor de biocombustíveis, já que a maior parte do etanol americano é produzida a partir de milho, concorrendo com a produção alimentícia.
"Devemos diversificar a matéria-prima e investir no desenvolvimento de novos recursos. Podemos trabalhar com o exemplo do Brasil de biocombustíveis", disse. Os EUA planejam incrementar também os setores de energia térmica, eólica e solar.
(Fonte: Valor Econômico/Juliana Ennes)
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