Empresários discutem medidas para frear importados e melhorar competitividade do País
Governo e indústria discutiram ontem, na capital paulista, um conjunto de medidas que visam a recuperar as exportações de manufaturados. O objetivo é frear o aumento da concorrência dos importados no mercado doméstico e, ao mesmo tempo, melhorar a competitividade do País no exterior. Essa foi uma das principais questões debatidas no encontro que contou com a presença do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), Luciano Coutinho.
Segundo Pimentel, até meados de abril, será definida a segunda edição da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) para direcionar os rumos da atividade produtiva no longo prazo.
Ele classificou como excelente o resultado do diálogo que vem sendo mantido por 14 representantes do setor privado e 15 da área governamental. "Muitas sugestões dos empresários deverão ser agregadas ao esforço que o governo vem fazendo em defesa das nossas cadeias produtivas."
Pimentel não adiantou que ações farão parte da PDP, mas sinalizou que elas deverão buscar a inovação tecnológica e uma maior qualificação da mão de obra. Até o anúncio da nova PDP, o governo vai continuar ouvindo as lideranças do setor privado.
A expectativa do ministro é de que neste ano sejam alcançados pelo menos US$ 10 bilhões de saldo positivo na balança comercial. "Não podemos ficar passivos. Nós temos que avançar na direção de defender a nossa indústria e recuperar o espaço que tínhamos na exportação de manufaturados."
Para Pimentel, o País está preparado para uma defesa comercial de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas tem que ter uma estratégia para aumentar as exportações. "Vamos defender as nossas indústrias dos ataques que fogem às regras da OMC", afirmou.
O ministro informou ainda que algumas das propostas discutidas na reunião com os empresários já estão inseridas na Medida Provisória do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que deve ser publicada amanhã.
Programa de investimento será prorrogado
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, confirmou que o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) será prorrogado e informou que a medida provisória que detalha as condições do programa será publicada "em até 48 horas". "O PSI continua e vai ser prorrogado em condições muito adequadas", afirmou, após se reunir com empresários da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo. "Acho que as condições serão muito favoráveis ao que foi acordado com o setor produtivo. Os juros serão equalizados, como eram antes", acrescentou.
Ontem, o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, presente ao encontro, disse que Pimentel garantiu que o PSI seria uma política definitiva e que não haveria mais necessidade de prorrogá-lo. Hoje, o PSI financia a compra de máquinas e equipamentos com juros 5,5% ao ano, prazo de 10 anos e carência para o pagamento de dois anos.
O ministro disse também que a desoneração da folha de pagamento continua a ser discutida no governo e que o debate está sendo conduzido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. "A intenção de Dilma é avançar nessa direção e ainda neste primeiro semestre remeter para a Câmara dos Deputados medidas nessa direção, mas não posso adiantar", disse Pimentel.
Coeficiente de importação industrial é o maior desde 2003
O Coeficiente de Importação (CI) da indústria brasileira atingiu en 2010 o índice 21,8%, o maior patamar histórico desde 2003, quando o indicador começou a ser calculado pela Fiesp. O valor representa o total de importações em relação ao consumo aparente da indústria nacional. Já o Coeficiente de Exportação (CE) da indústria brasileira, que corresponde ao total de exportações em relação à produção nacional, ficou 18,9% no ano passado. Em 2009, o Coeficiente de Importação ficou em 18,3% e o Coeficiente de Exportação, em 18%.
De acordo com o diretor do Departamento de Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, embora a economia brasileira tenha registrado forte crescimento de demanda no ano passado, praticamente a metade dessa expansão ocorreu a partir de produtos importados (46,8%). Segundo ele, isso ocorreu principalmente devido à valorização cambial. A taxa de câmbio, de acordo com a Fiesp, estava em R$ 2,39 em janeiro de 2009 e recuou para R$ 1,67 em janeiro deste ano. Ou seja, o diretor apontou para a tendência declinante da taxa de câmbio.
No ano passado, as exportações de produtos manufaturados atingiram US$ 79,6 bilhões e as importações dos mesmos produtos, US$ 150,7 bilhões, o que gerou um déficit comercial de US$ 71 bilhões. Para este ano, Giannetti da Fonseca prevê que as exportações cresçam entre zero e 5% e as importações aumentem 15%. "O PIB brasileiro deve crescer 4,5% neste ano. Como as importações têm crescido entre o dobro e o triplo do PIB a cada ano, elas devem aumentar 15%."
Dos 33 setores nos quais a Fiesp divide a indústria nacional para a pesquisa, apenas 13 registraram crescimento no Coeficiente de Exportação em 2010 em relação ao ano anterior: indústrias extrativas; alimentos e bebidas; couro e seus artefatos; celulose e papel; outros equipamentos de transportes; automóveis, caminhões e ônibus; aeronaves, peças e acessórios para veículos automotores; máquinas e equipamentos para extração mineral e construção; produtos farmacêuticos; perfumaria, higiene e produtos de limpeza; produtos diversos; produtos de minerais não metálicos e artigos de borracha e plástico.
Já em relação ao Coeficiente de Importação, houve crescimento em 30 dos 33 setores no ano passado em comparação a 2009. Apenas três setores registraram queda: produtos de madeira; calçados e máquinas e equipamentos para extração mineral e construção. O principal setor responsável pelo crescimento de Coeficiente de Exportação da indústria foi o de indústrias extrativas, cujo coeficiente subiu de 67,4% em 2009 para 75,3% no ano passado.
Câmbio de equilíbrio está entre R$ 2,00 e R$ 2,20, avalia a Fiesp
O diretor do Departamento de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca, disse que a taxa de câmbio de equilíbrio para a indústria está entre R$ 2,00 e R$ 2,20. De acordo com ele, esse patamar não favorece as exportações nem prejudica as importações, aumenta a empregabilidade e não tem um impacto tão forte sobre a inflação. "O câmbio não vai voltar para um patamar entre R$ 2,50 e R$ 3,00, como os empresários desejavam", afirmou. "Mas temos de encontrar uma taxa de equilíbrio, nem subvalorizado nem sobrevalorizada. Acredito que o equilíbrio do câmbio na economia real está entre R$ 2,00 e R$ 2,20", acrescentou.
Giannetti da Fonseca disse acreditar que o BC e o Ministério da Fazenda têm demonstrado uma nova postura em relação ao câmbio. "O início das operações de swap reverso, que o governo retomou, é um mecanismo que tem sido utilizado como mais frequência e que nitidamente prejudica os especuladores", afirmou.
Para a Fiesp, disse ele, o ideal seria que o câmbio sofresse uma desvalorização aos poucos, chegando a R$ 1,80 até junho deste ano e ficando próximo dos R$ 2,00 até o final de 2011.
Estado é 5º exportador, com US$ 1,122 bilhão
Embarques gaúchos representaram 7,38% do total do País
As exportações do Estado atingiram US$ 1,122 bilhão em janeiro de 2011, um crescimento de 33,9% em relação a janeiro de 2010. O resultado, apresentado ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), tem por base os dados apurados pela Secretaria do Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As vendas externas gaúchas representaram 7,38% do total nacional no mês, colocando o Rio Grande do Sul em quinto lugar entre os maiores estados exportadores, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pará.
Segundo Cecília Hoff, economista da FEE, o resultado obtido pelo Estado deve ser considerado positivo, uma vez que o Rio Grande do Sul apresentou uma elevação próxima à média nacional, que foi de 34,6%. "Dentre os maiores exportadores, os estados com maior elevação, como Minas Gerais (84,9%), Pará (73,3%) e Espírito Santo (68,1%) tiveram esse crescimento graças ao aumento dos preços internacionais de commodities que não possuímos, como minérios e petróleo", comparou. No entanto, Cecília lembrou que a posição do Estado no ranking nacional deve mudar ao longo do ano, após a colheita da safra da soja, produto de maior participação nas exportações gaúchas.
O crescimento de 33,9% do valor exportado em janeiro de 2011 resultou de uma elevação de 14,2% em volume e de 17,2% em preços. Este desempenho se deve, principalmente, ao crescimento de 29,3% das exportações da indústria de transformação (atingindo US$ 995,1 milhões) bem como ao expressivo crescimento dos produtos agropecuários, que foi de 706,3% em valor, passando de US$ 14,7 milhões em janeiro de 2010 para US$ 119 milhões no mês passado.
Entre os produtos agrícolas, o destaque foi o trigo, que representou 63,64% das vendas agrícolas. "Passamos de US$ 5,6 milhões exportados de trigo em janeiro de 2010 para US$ 75,7 milhões no mês passado, em boa parte graças, em boa parte graças ao crescimento expressivo das exportações para a Argélia", afirmou. O país do Norte da África, que em janeiro do ano passado consumiu apenas US$ 742 mil em produtos gaúchos, no primeiro mês de 2011 enviou ao Rio Grande do Sul US$ 47,4 milhões, a maior parte em compras de trigo.
Na indústria de transformação, destaca-se a expansão das vendas externas de produtos alimentícios e bebidas, com crescimento de 44,2% em valor (27,5% em volume e 13,2% em preços). Este desempenho foi determinado, principalmente, pela expansão das vendas de óleo e farelo de soja. Também contribuíram a expansão de 66,5% do valor das exportações de máquinas e equipamentos; 19,2% em produtos químicos; 120% em óleo diesel; e de 37,9% do valor exportado pelo setor de veículos automotores. Já entre os segmentos industriais com resultado negativo, as principais quedas foram no valor das exportações do setor de fumo manufaturado (21,3%) e em calçados e artigos de couro (1,4%).
No que diz respeito aos principais destinos das exportações do Estado, destacam-se os crescimentos de 208,4% das vendas para a Espanha (principalmente grãos de soja) e de 171,9% das vendas para o Uruguai (principalmente óleo diesel). O crescimento expressivo das exportações para a Argélia se deve às exportações de trigo. Também houve expansão de 14,1% das vendas para a Argentina, que foi principal destino das exportações do Estado em janeiro de 2011, totalizando US$ 143,3 milhões.
Dentre os mercados em queda, o principal foi o dos Estados Unidos, que reduziu as importações em produtos gaúchos em 18,1%.
Indústria do Rio Grande do Sul tem aumento nos envios
O ano começou positivo para as exportações industriais do Rio Grande do Sul. As vendas externas do setor cresceram 21,8% no primeiro mês de 2011, em comparação com o mesmo período de 2010, e totalizaram US$ 994 milhões, ou seja, 88,58% de tudo que o Estado embarcou em janeiro. Foi o segundo melhor desempenho da série histórica para o mês, superado apenas pelo resultado obtido em 2008, quando a indústria gaúcha exportou R$ 1,05 bilhão. "Para este ano esperamos uma economia internacional mais estruturada e com menor diferencial entre o crescimento dos países desenvolvidos e emergentes. Assim, alguns segmentos poderão retomar fatias do mercado perdidas após a crise mundial", afirmou o presidente da Fiergs, Paulo Tigre, ao avaliar a balança comercial gaúcha.
Em janeiro, os setores que mais se destacaram foram Derivados de Petróleo (crescimento de 123,8%), impulsionado pelas vendas de óleo diesel para o Paraguai e Uruguai; Máquinas e Equipamentos (97,9%), com o envio de colheitadeiras para Argentina e Paraguai; e Alimentos (45,5%). Já as piores performances se concentraram em Materiais Elétricos (-30%), Fumo (-20%) e Produtos de Metal (-10%). Os principais destinos das exportações gaúchas em janeiro foram Argentina, com elevação de 13,5%; e EUA, que ocupou o 2º lugar, apesar de ter diminuído em 18% suas compras.
Balança brasileira já registra no ano superávit de US$ 1,404 bilhão
A balança comercial brasileira acumula um superávit de US$ 1,404 bilhão em 2011, até a segunda semana de fevereiro, de acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No mesmo período do ano passado, a balança registrou saldo positivo de US$ 340 milhões. A corrente de comércio (soma das exportações e das importações) chegou a US$ 44,540 bilhões, superando em 25,6% o total de US$ 35,448 bilhões apurado em igual período de 2010.
Até a segunda semana de fevereiro, as exportações totalizaram US$ 22,972 bilhões, com média diária de US$ 765,7 milhões, equivalentes a um crescimento de 28,4% ante a média de US$ 596,5 milhões registrada no mesmo período de 2010. Em 2011, as importações já chegam a US$ 21,568 bilhões, com média diária de US$ 718,9 milhões. O valor é 22,9% superior à média de US$ 585,1 milhões registrada em igual período do ano passado.
As exportações de US$ 4,226 bilhões na segunda semana de fevereiro, com média diária de US$ 845,2 milhões, registraram queda de 4,3% em relação à média US$ 882,8 milhões da primeira semana do mês. Nessa comparação, houve retração de 25,2% dos embarques de produtos básicos, principalmente minério de ferro, petróleo, café em grão, carne de frango e milho em grão. No entanto, as vendas de bens intermediários aumentaram 27%, sobretudo em semimanufaturados de ferro ou aço, celulose, ferroligas, ferro fundido e alumínio em bruto. As exportações de manufaturados cresceram 13,1%, por conta de óleos combustíveis, aviões, açúcar refinado, hidrocarbonetos e veículos de carga.
Venda de calçados recua 30,3% em volume de pares, diz Abicalçados
As exportações de calçados recuaram 30,3% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado, totalizando 12,169 milhões de pares, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), com base em dados compilados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A receita com as vendas ao exterior em janeiro somou US$ 120,66 milhões, o que representou um recuo de 15,5% sobre o mesmo mês de 2010. O preço médio do par de sapato no período subiu 21,3% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado, para US$ 9,92.
Para os Estados Unidos, principal destino do sapato brasileiro, a quantidade exportada em janeiro recuou 80,5%, para 1,327 milhão de pares. A receita obtida com as exportações aos EUA caiu 38,9%, para US$ 22,069 milhões. Em termos de faturamento, aparecem, na sequência, Itália, com US$ 13,323 milhões (-23,7%); Reino Unido, com US$ 11,352 milhões (-30,5%); e Argentina, com US$ 6,615 milhões (-23,7%). Já em termos de volume, seguem, entre os principais destinos, Espanha, com 1,223 milhão de pares (-46,4%); Itália, com 815 mil pares (+9,8%); e Paraguai, com 690 mil pares (-40,3%).
As importações em janeiro somaram 3,699 milhões de pares, representando uma retração de 2% sobre o mesmo mês de 2010. Já em termos de receita, as compras do exterior totalizaram US$ 40,763 milhões em janeiro, o que significou uma alta de 56%. O preço médio do par de sapato importado no período passou de US$ 6,90 para US$ 11,02.
As compras de sapatos chineses recuaram 39% em termos de quantidade (1,105 milhão de pares) e 24% na receita, para US$ 7,517 milhões.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)
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