A crise energética mundial e a invasão da Ucrânia pela Rússia vão exigir que alguns países prolonguem temporariamente o uso combustíveis fósseis, entretanto isto não deve ser um elemento permanente da política energética, disse o diretor da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, em conferência internacional.
Segundo o dirigente, os mercados de petróleo, gás e energia elétrica estão sob muita pressão e se o mundo não tomar as medidas necessárias, pode enfrentar um novo aumento da inflação, especialmente para os países europeus.
Para o executivo, o Brasil tem situação mais confortável por ter uma matriz muito mais limpa em relação ao resto do mundo. “O Brasil é um país com enorme potencial em energias renováveis, com biocombustíveis, energia solar, grandes hidrelétricas e tem uso energético diversificado de energia nuclear, recursos de petróleo e gás com bons impactos na economia e baixo impacto nas emissões”, afirma.
PUBLICIDADE
Contudo, ele lembra que manter subsídios, como o do carvão, deveria ser uma medida pontual no atual contexto e ser usada como uma política energética.
“Talvez haja exceções das decisões dos governos ao redor do mundo [em subsidiar combustíveis fósseis] como resultado da imediata atual crise energética, mas em médio e longo prazo, espero que o Brasil, como todos os outros países do mundo, impulsione uma transição para a energia limpa”, disse.
Alguns países do mundo estão estendendo a operação de usinas a carvão e retomando incentivos aos combustíveis fósseis. No Brasil, no começo do ano o governo aprovou uma lei que obriga uso de térmicas a carvão até 2040, com benefício ao Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, maior usina a carvão do Brasil.
Birol afirma que outra ferramenta nas mãos dos governos seria reduzir o consumo. Um estudo inédito divulgado pela AIE no mesmo evento mostrou que melhorar a eficiência energética de 2% para 4% ao ano ao longo desta década poderia ajudar a atender as metas de zerar as emissões de gases de efeito estufa.
Fonte: Valor