A venda de aço no Brasil cresceu 2,8% no primeiro semestre deste ano. O setor está conseguindo manter estoques estáveis dentro da média histórica (de 2,5 meses), mas sente grande dificuldade para desenvolver. “Nossa projeção era a de um crescimento de 6%”, explicou o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Produtos Siderúrgicos (Sindisider) e do Instituto Nacional dos Distribuidores do Aço (Inda), Carlos Jorge Loureiro, ao apresentar o balanço da distribuição do aço nacional nos primeiros seis meses de 2012, durante reunião-almoço promovida pela entidade em parceria com a Associação do Aço no Estado, nesta quinta-feira na Fiergs. Ele destacou que o resultado almejado não foi alcançado, em vista de que a indústria não tem conseguido bom desempenho. “Se nosso cliente não cresce, não há como aumentar nossa venda.”
Mesmo com a importação da mercadoria parando de crescer em julho, o que seria uma vantagem para o setor, um dos principais fatores deste prejuízo ainda é a entrada forte de produtos prontos do exterior com aço contido dentro dos equipamentos. No que se refere a aços planos, principal item de venda no Brasil, o consumo aparente (entrega das usinas associada à importação) caiu 0,7% de janeiro a julho, em relação ao mesmo período no ano passado. “No entanto, com outra base de comparação, o consumo aparente de aço in natura cresceu 1,7% entre 2007 e 2011, ou seja, ficou praticamente estável”, disse Loureiro, destacando que as usinas nacionais entregaram 7% a menos durante o período. “O consumo não chegou a cair, porque as importações aumentaram”, justificou o dirigente. “O aço produzido ou importado está perdendo espaço para bens e equipamentos”, alertou.
Por outro lado, neste mesmo intervalo a importação de aço contido, cujos principais itens são máquinas, equipamentos e automotivos (cada um destes responsável por 40% da importação indireta), subiu de R$ 2,3 milhões para R$ 5 milhões, um disparo de 114%. “Toda a pujança na economia, a partir do consumo de bens contendo aço, foi atrelada à importação.” Loureiro ponderou que se pode iniciar uma onda de otimismo a partir da recente estagnação do crescimento da entrada dos importados nos últimos sete meses. “Com as medidas do governo de realinhamento do dólar e as vantagens voltadas para a indústria nacional, a importação ainda deve diminuir no próximo ano.”
Loureiro apresentou um quadro comparativo atualizando o dólar brasileiro entre os anos de 2002 e 2012, calculando o IPCA e descontando a inflação norte-americana, onde o resultado elevaria a cotação da moeda estrangeira a R$ 3,00. “Pode parecer uma tarifa alta, mas explica porque atualmente estamos deslocados”, considerou. O palestrante frisou ainda que o custo de mão de obra tem colocado a indústria brasileira em um nível baixo de competitividade, devido aos gastos com a folha de pagamento das empresas.
Fonte: Jornal do Commercio/RS / Adriana Lampert
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