A Índia aparentemente começa a reduzir sua contundência no bloqueio do acordo de facilitação de comércio. Por sua vez, os Estados Unidos e a União Europeia não vão querer jogar fora um acordo já negociado que vale muito para as suas empresas.
Nesse cenário, depois de reações iniciais alarmistas, cresce a expectativa em Genebra de que nova tentativa de compromisso ocorra em setembro na Organização Mundial do Comércio (OMC). Na verdade, isso é incontornável, porque politicamente todo o resto das negociações ficou vinculado ao impasse provocado isoladamente pela Índia.
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Certos negociadores em Genebra notam a ligeira mudança de tom proveniente de Nova Déli. A ministra do Comércio Nirmala Sitharaman disse à agência Reuters que a Índia não quer destruir o acordo de facilitação de comércio, e sim um mesmo nível de engajamento e compromisso na OMC para ter "cláusula de paz" permanente, ou seja, o direito de dar subsídios além do limite para formar estoques por razão de segurança alimentar.
Chegou-se perto de um acordo em Genebra na semana passada. Mas Nova Déli insistiu que precisava formalmente acabar com o que considerava uma ambiguidade no texto sobre "cláusula de paz". Mas a forma proposta não foi aceita pelos EUA.
Certos negociadores notam que está havendo muita visão catastrófica, por causa do impasse. Insistem que, primeiro, o acordo de facilitação de comércio continua na mesa. Segundo, um prazo não foi cumprido para o texto ser incorporado no arsenal da OMC. Mas várias outras coisas não ocorreram no prazo. Por exemplo, somente 39 de 120 países listaram até 31 de julho as medidas de facilitação de comércio que vão implementar logo que o acordo entrar em vigor (categoria A dos compromissos).
Em todo caso, um debate forte sobre o futuro modelo de negociação é inevitável na OMC, a partir de setembro, para evitar que a entidade tenha sua credibilidade ainda mais deteriorada.
(Fonte: Valor Econômico\Assis Moreira | De Genebra