A Shell pode investir US$ 120 milhões, ou R$ 600 milhões, no Brasil neste ano em pesquisa e desenvolvimento e inovação (P,D&I), disse o vice-presidente de relações corporativas da petroleira, Flávio Rodrigues.
Em 2021, a empresa investiu US$ 80 milhões nesse segmento no país. O aumento para este ano está ancorado na alta do preço do barril de petróleo. Atualmente, as petroleiras que têm concessões de exploração e produção de óleo e gás no país precisam investir 1% da receita bruta da produção dos campos que operam em pesquisa, desenvolvimento e inovação.
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Rodrigues lembrou que a Shell já definiu internamente que 30% do valor investido nesse segmento vai para projetos de baixa emissão de carbono. Segundo ele, a área de P,D&I será importante para a empresa encontrar soluções na transição energética.
“Temos clareza que algumas áreas de crescimento na empresa, renováveis como o hidrogênio a energia solar e a eólica, são projetos que ainda não têm o mesmo retorno que o upstream [exploração e produção de óleo e gás], por exemplo. Esse é um grande desafio”, afirmou durante o evento online Diálogos da Rio Oil & Gas, na tarde de ontem.
O executivo apontou ainda que o Brasil é um país importante para a Shell e que corresponde a cerca de 10% da geração de caixa global do grupo. Mas, ressaltou, o país precisa se manter competitivo para seguir atraindo investimentos. “Quanto mais rápido se conseguir estabelecer as condições mínimas de operação de mercados novos, mais fácil para o investidor digerir o cenário e tomar a decisão para investir ali ou não”, disse.
Nesse sentido, Rodrigues lembra que a guerra na Ucrânia vai levar a uma reorganização da alocação de investimentos em energia e que o Brasil precisa estar atento a esse movimento. “Se não tivermos atenção em relação ao destino desses recursos, talvez eles possam ir para países que estejam dispostos a alavancar a transição energética de forma mais rápida”, ressaltou.
Rodrigues também lembrou que o mercado de créditos de carbono pode ser uma grande oportunidade para o Brasil. “Somos favoráveis à criação de um mecanismo de precificação e comercialização de créditos de carbono e não à rota da tributação. Isso vai ajudar países que têm uma maior oferta de crédito de carbono a vender para aqueles países ou indústrias que precisam alcançar os compromissos de redução de emissões nos acordos que assumiram. O Brasil vai estar muito bem posicionado se souber desenvolver bem esse arcabouço legal”, afirmou.
Fonte: Valor