O Irã ameaça reduzir ou até cortar suas importações do Brasil, a menos que os dois navios do país, paralisados há 50 dias no porto de Paranaguá (PR), sejam abastecidos. A informação é da agência Bloomberg.
O embaixador do Irã em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan, disse a autoridades brasileiras ontem que seu país poderia facilmente encontrar novos fornecedores de milho, soja e carne se o país Brasil se recusar a permitir o reabastecimento dos navios.
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As embarcações estão paradas porque a Petrobras nega-se a abastecê-los, alegando que são iranianos e que há risco de a empresa sofrer sanções dos EUA. Sem o combustível, os navios não conseguem retornar ao Irã. Um deles está carregado de milho e o outro iria buscar o mesmo produto em Imbituba (SC).
Os navios trouxeram ureia importada para o Brasil e o produto, que foi descarregado no mês passado, faz parte da lista de restrições impostas por Washington ao comércio com Teerã.
O Brasil exporta cerca de US$ 2 bilhões para o Irã por ano, principalmente commodities como milho, carne bovina e açúcar. Teerã compra um terço de todas as exportações brasileiras de milho.
“Eu disse aos brasileiros que eles deveriam resolver o problema, não os iranianos”, disse Saghaeyan em uma rara entrevista na embaixada iraniana em Brasília à agência. "Se não for resolvido, talvez as autoridades em Teerã possam querer tomar alguma decisão, porque este é um mercado livre e outros países estão disponíveis."
O embaixador iraniano também afirmou que solicitou uma reunião com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araujo, mas ainda não recebeu uma resposta.
A Eleva, empresa que fretou os navios, argumenta que as embarcações entraram legalmente no Brasil e que comprou o produto de firmas que não estão na lista de entidades sancionadas pelos EUA.
A decisão final será tomada no Supremo Tribunal Federal, ao qual a Petrobras recorreu, depois que a Eleva obteve uma liminar na Justiça do Paraná obrigando a estatal a fornecer o combustível.
Fonte: Valor