Por muitos anos, o único assunto sobre a economia da Ásia que realmente importava era a China. Motor do crescimento da região por dez anos ou mais, o país era o fator determinante da temperatura econômica no continente - e até no mundo. Neste ano, a China deverá ter concorrência. Agora, o maior interesse talvez seja saber como a economia do Japão vai se sair.
O país está em meio a um experimento radical de política monetária, tão ousado que recebeu um novo e rebuscado nome: afrouxamento monetário quantitativo e qualitativo (QQE, na sigla em inglês). Este será o ano em que se vai descobrir se funciona ou não. Há três possibilidades. A primeira é que o QQE, cujas metas incluem dobrar a base monetária em dois anos, venha a se dissipar. A inflação, então, voltaria para perto de zero. A segunda possibilidade é ainda mais grave: o risco de a "Abeconomia" - como foram apelidadas as políticas do primeiro-ministro, Shinzo Abe - cair em um "Abegedon". A inflação ficaria descontrolada, os juros disparariam e o capital fugiria para fora do país. A terceira é que o QQE funcione. Nesse caso, o Japão passaria a ter uma inflação sustentável de 2% ao ano e o crescimento poderia chegar a 1,5%.
Frederic Neumann, do HSBC, diz que os dois motores do crescimento asiático recente - o custo barato do dinheiro do Federal Reserve e a expansão chinesa - estão perdendo força. "Mas há uma terceira força [...] que vai exercer mais influência sobre a região em 2014 do que em muitos anos: o Japão".
Fonte: Valor Econômico/David Pilling | Financial Times
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