A varejista de bens de consumo Lojas Americanas informou ontem que recebeu prospecto para participar no processo competitivo de aquisição de participação na BR Distribuidora. O negócio é um dos principais ativos do plano de desinvestimentos da Petrobras de 2017-2018, pelo qual a estatal pretende levantar US$ 19,5 bilhões.
No início de outubro, a Petrobras começou a enviar os prospectos aos potenciais interessados, com o objetivo de compartilhar o controle da BR, mantendo 49% do capital votante e a maioria do capital social da empresa. Na ocasião, o Valor apurou que a petroleira havia identificado mais de 60 potenciais interessados em adquirir a participação.
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Em comunicado divulgado ontem ao mercado, a Lojas Americanas disse que "está sempre atenta às oportunidades dentro da sua estratégia de crescimento e está continuamente analisando potenciais operações que agreguem valor aos seus acionistas".
A companhia acrescentou ter manifestado interesse em participar do processo de aquisição e avaliar a oportunidade de negócio, mas que não existe, até o momento, definição quanto à futura apresentação de proposta para aquisição de participação na BR.
Com relação ao processo, o Valor apurou que entre os interessados estão investidores considerados estratégicos e investidores financeiros, sendo a maioria fundos de private equity. Um dos interessados, segundo uma fonte com conhecimento do assunto, é a Itaúsa, holding de investimentos controlada pelas famílias Setubal e Villela. Após consulta da BM&FBovespa sobre o assunto, a Itaúsa, informou não haver qualquer decisão de investimento a ser comunicada em relação a uma possível participação no processo de venda da BR.
"A Itaúsa esclarece anda que a análise de novos investimentos não é um evento novo, dado que a companhia tem por objeto participar do capital de outras empresas e está continuamente analisando potenciais operações que agreguem valor aos seus acionistas" informou a holding, na ocasião.
Outro potencial interessado é o empresário Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Ele costura uma parceria com fundos de investimentos para apresentar proposta por uma fatia na BR.
No início de outubro, a Petrobras informou que a seleção de empresas que receberam o prospecto havia sido realizada com base em critérios objetivos, em conjunto com a instituição financeira especializada em fusões e aquisições contratada para assessora o processo de venda. O Valor apurou que o Citi foi contrato pela petroleira como agente financeiro para o negócio.
Uma das fontes ouvidas pelo Valor acredita que a Petrobras possa levantar mais de R$ 12 bilhões com a venda de 51% do capital votante da BR, líder do mercado de combustíveis brasileiro, do qual possui 34,9% de participação. O BTG Pactual, no entanto, estima que a venda da distribuidora pode gerar ganhos da ordem de US$ 3 bilhões para a estatal. A cifra equivale a aproximadamente R$ 9,7 bilhões.
Na última semana, a Petrobras informou estar em negociação com a australiana Karoon para a venda de 100% do campo de Baúna, na Bacia de Santos, e 50% do campo de Tartaruga Verde, na Bacia de Campos. Na ocasião, porém, a companhia não informou o valor estimado para o negócio.
Fonte: Valor