Com o início da recuperação nos negócios após o período da crise internacional, a mineradora Vale registrou lucro líquido de R$ 2,62 bilhões no quarto trimestre do ano passado, crescimento de 7,3% na comparação com os R$ 2,44 bilhões de igual período de 2008. Já no acumulado de 2009, a empresa registrou lucro de R$ 10,24 bilhões, montante 51,8% inferior aos R$ 21,27 bilhões do ano anterior. Os resultados estão no padrão contábil brasileiro (BRGAAP).
A mineradora destacou em seu relatório financeiro que 2009 foi ano de grandes desafios derivados da grande recessão causadora de um dos raros episódios de contração da economia global nos últimos 140 anos de história econômica moderna. "Como produtora de minérios e metais, a Vale tem como clientes empresas industriais, cujo setor de atividade se constitui no ramo mais cíclico da economia, e, portanto, no mais sensível às recessões", disse a companhia em nota.
A Vale destacou seu papel como o único fornecedor global de minério de ferro, atendendo a clientes em todos os continentes, e por isso a companhia foi especialmente afetada pela queda em intensidade da utilização de capacidade da indústria do aço nas Américas e na Europa, regiões onde a siderurgia sofreu impacto negativo mais significativo.
A empresa garantiu que a crise econômica pode gerar oportunidades para companhias que privilegiam a mudança e a transformação estrutural. "A Vale alavancou suas vantagens competitivas para lançar várias iniciativas bem sucedidas para torná-la mais forte no futuro, visando a redução de custos em base permanente e o aumento de eficiência. Nenhum projeto de investimento foi cancelado, novas opções de crescimento e geração de valor foram identificadas, e a capacidade de inovar foi fortemente estimulada."
A receita operacional bruta foi a R$ 49,81 bilhões no ano passado, queda de 31,5% em relação aos R$ 72,76 bilhões do exercício anterior. De outubro a dezembro, o faturamento recuou 32,8%, passando de R$ 17,94 bilhões em 2008 para R$ 12,04 bilhões em equivalente período de 2009.
Os minerais ferrosos representaram 60,7% do faturamento, com R$ 30,21 bilhões apurados. Deste total, o minério de ferro corresponde a R$ 25,23 bilhões e as pelotas correspondem a R$ 3,86 bilhões. Os minerais não ferrosos responderam por R$ 14,57 bilhões, o equivalente a 29,2% da receita.
xxxx. No corte por destino, a Ásia pagou R$ 27,7 bilhões pelos produtos e serviços da Vale 55,6% do faturamento da mineradora. A maior fatia ficou com a China, que sozinha representa 36,9% do faturamento da companhia. O faturamento na Europa foi de R$ 8,08 bilhões, ou 16,2% do total. Os negócios com a América do Norte renderam R$ 4,09 bilhões, 8,2% do faturamento. Na América do Sul, a receita foi de R$ 8,54 bilhões, dos quais R$ 7,75 bilhões são do mercado interno brasileiro.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que mede a geração de caixa da companhia, somou R$ 18,64 bilhões no ano passado. O montante ficou 46,7% abaixo dos R$ 35,02 bilhões de 2008. Nos três últimos meses de 2009, a geração de caixa ficou em R$ 3,7 bilhões, ante R$ 6,03 bilhões de igual período do ano anterior retração de 38,6%.
O volume total de minério de ferro e pelotas principais insumos comercializados pela Vale vendido em 2009 atingiu 253,474 milhões de toneladas métricas, contra 295,148 milhões de toneladas métricas em 2008, este resultado é explicado pela significativa diminuição da demanda durante a primeira metade do ano passado.
De outubro a dezembro, os embarques de minério de ferro e pelotas totalizaram 69,818 milhões de toneladas métricas, 7% abaixo do trimestre anterior. O volume de venda de minério de ferro somou 60,597 milhões de toneladas métricas, 8% inferior ao terceiro trimestre, enquanto o de pelotas atingiu 9,221 milhões de toneladas métricas, aumento de 0,6% na mesma base de comparação.
A performance dos embarques de minério de ferro no quarto trimestre refletiu as restrições na produção causadas pela antecipação da estação chuvosa no Brasil e problemas de manutenção em Carajás, além da parada no carregamento de navios devido a manutenção dos viradores de vagões no terminal marítimo Ponta da Madeira. A companhia destacou que estas restrições da oferta possuem vida curta contrastando com o comportamento global da demanda, que está em expansão e deve permanecer por um longo período.
xxxx. Em 2009, os investimentos - excluindo aquisições - atingiram US$ 9,013 bilhões, com US$ 5,845 bilhões alocados em desenvolvimento de projetos, US$ 1,010 bilhão em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e US$ 2,157 bilhões na manutenção das operações existentes. A empresa destinou US$ 796 milhões para projetos de responsabilidade social corporativa, US$ 580 milhões para proteção ambiental e US$ 216 milhões para projetos sociais.
No quarto trimestre, a Vale realizou investimentos de US$ 3,049 bilhões, sem incluir aquisições. Os investimentos em crescimento orgânico totalizaram US$ 2,231 bilhões, dos quais US$ 1,923 bilhão na execução de projetos, US$ 309 milhões em P&D e US$ 817 milhões na manutenção das operações existentes.
Os investimentos em aquisições totalizaram US$ 3,734 bilhões em 2009 e US$ 784 milhões no último trimestre do ano. As principais aquisições do ano foram Rio Colorado e Regina, projetos de potássio (US$ 857 milhões), Corumbá, ativos de minério de ferro (US$ 814 milhões), ativos colombianos de carvão (US$ 306 milhões), exploração de cobre na África (US$ 65 milhões), a segunda parcela da concessão da Ferrovia Norte Sul (US$ 216 milhões) e o aumento de capital de US$ 1,442 bilhão na ThyssenKrupp CSA, projeto siderúrgico, para aumentar nossa participação de 10% para 26,87%.(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/DANIEL CÚRIO)
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