A expectativa do mercado é de números deprimidos para a Vale no terceiro trimestre, em função da queda do minério. A mineradora divulga o balanço amanhã, após o fechamento das bolsas. A média das projeções em dólares, levantadas pelo Valor junto a sete instituições financeiras - Citi, Credit Suisse, Goldman Sachs, BofaML, HSBC, Barclays e ItaúBBA -, aponta para receita líquida de US$ 10,05 bilhões, Ebitda de US$ 3,5 bilhões e um lucro líquido de US$ 1,5 bilhão, 68% menor que o ganho do mesmo período de 2011. O lucro previsto por ação é na média de US$ 0,30.
Os números de Ebitda e lucro de alguns bancos levam em conta a possibilidade da Vale contabilizar a provisão de R$ 1,1 bilhão, feita para pagamento da CFEM junto ao Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM) no trimestre. No relatório do ItaúBBA, os analistas Marcos Assumpção e André Pinheiro trabalham com duas estimativas de Ebitda e de lucro líquido. A primeira sem a provisão prevê um Ebitda de US$ 3,2 bilhões e um lucro líquido de US$ 1,4 bilhão. Caso a vale contabilize a provisão de R$ 1,2 bilhão (US$ 600 mil) estimada pelos analistas, o Ebitda cai para US$ 2,6 bilhões e o lucro desaba para US$ 900 milhões.
Os analistas, em maioria, não destacam impacto negativo do câmbio sobre o lucro líquido, já que a depreciação do real no período foi de apenas 3%, com o câmbio mantendo certa estabilidade.
O vilão do terceiro trimestre foi mesmo o preço do minério de ferro. As projeções dos bancos sobre a média de preço médio do minério realizado da Vale variaram de US$ 75 a tonelada, do Barclays, a US$ 81, do Citi e do HSBC. O Credit Suisse e o ItaúBBA estimam em US$ 79, enquanto o BofaMerrill Lynch calcula em US$ 78. O preço realizado no segundo trimestre foi de US$ 103, já no mesmo período de 2011 estava em US$ 151, uma queda de quase 50% em um ano.
No spot chinês a média prevista para o período foi de US$ 113 ante US$ 139 no segundo trimestre e de US$ 176 no terceiro trimestre de 2011.
O preço do minério no mercado livre da China, tendo como referência o Platts Iodex 62% Fe, chegou no trimestre a US$ 88 no início de setembro, valor piso. No período, o mercado foi tomado pela volatilidade gerada pelas incertezas sobre o crescimento chinês e as mudanças políticas no país que mais consome minério de ferro no mundo, mais os impactos da crise que paralisa a Europa e dificulta a retomada dos Estados Unidos. A retração do minério levou a parada de operação de mineradoras chinesas de alto custo, o que tem contribuído para recuperação para uma faixa de preço entre US$ 110 a US$ 120 no spot chinês (Platts Iodex 62% Fe) no quarto trimestre.
No cenário do Goldman Sachs esses são patamares de preço que devem ser mantidos no último trimestre do ano ao início de 2013, por conta de menor volume estocado nos portos da China e nas usinas e também da retomada das minas de alto custo naquele mercado, alimentando um processo de reestocagem. Já a equipe do HSBC é mais pessimista e continua achando que os fundamentos para a melhora do preço do minério continuam frágeis, o que levou o banco a cortar sua projeção de preço do minério para o próximo ano, para US$ 105 a tonelada, enquanto o BofaML estima em US$ 110.
Um destaque nas análises dos bancos é a expectativa de uma performance deprimida para a área de metais básicos. A área de ferrosos (minério e pelotas) é que deve responder por quase 100% do Ebitda no período. A produção de minério de ferro no terceiro trimestre foi de R$ 83,9 milhões. A contribuição de metais básicos para o Ebitda -níquel e o cobre - deve ser quase nula.
O Citi e o Credit Suisse observaram em relatórios que a Vale não indicou se houve depreciação de ativos no segundo trimestre, mas essa é uma possibilidade no negócio de níquel no terceiro trimestre. Ontem, a ValeInco informou que vai fechar a mina de Frood, no Canadá, de 100 anos. A medida faz parte de um plano de negócios para o segmento que a empresa deve anunciar junto com o Capex de 2013 em 3 de dezembro, no dia do Investidor na bolsa de NY.
O único banco a fazer projeções em reais para a Vale foi a Corretora Ágora do Bradesco: receita de R$ 20,3 bilhões, Ebitda de R$ 7,6 bilhões e lucro líquido de R$ 3,9 bilhões, 62,3% menor que o ganho de R$ 10,5 bilhões no mesmo período de 2011.
Fonte: Valor / Vera Saavedra Durão
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