Lupatech conclui reestruturação da dívida
A Lupatech, fabricante de válvulas industriais e equipamentos para os setores de petróleo, gás e metalurgia, concluiu o processo de reestruturação da dívida. Na etapa final, a empresa recebeu a última parte de um empréstimo feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e renegociou as condições de uma emissão de debêntures. A dívida total da empresa é de R$ 1,085 bilhão, mas nem tudo passou por renegociação.
A reestruturação da dívida da companhia começou em maio do ano passado, com a contratação do financiamento do BNDES, de R$ 121 milhões, e a emissão de R$ 320 milhões em debêntures conversíveis em ações. Os recursos dessas duas captações foram recebidos pela empresa ao longo do segundo semestre de 2009 e usados para pagamento de dívidas de curto e médio prazos, contratadas em 2007 e 2008 para financiar expansão da capacidade, capital de giro e aquisições.
Mas a deterioração da situação operacional da empresa levou ao descumprimento de obrigações financeiras das debêntures recém-emitidas. Agora, os credores dispensaram a Lupatech de cumprir essas cláusulas até 31 de dezembro deste ano. Em troca, a empresa terá de pagar uma comissão de 0,975% sobre o valor nominal das debêntures até 31 de janeiro
Com esse processo, a empresa melhorou o perfil da dívida. "Estamos com um perfil absolutamente confortável", disse Thiago Alonso de Oliveira, diretor financeiro e de relações com investidores. Do total, 20% vencem entre 2010 e 2015, 30% são debêntures conversíveis (com vencimento a partir de abril de 2016, se não convertidas em ações) e 50% são bônus perpétuos (sem data de vencimento).
A empresa passou por forte queda de receita e geração de caixa no ano passado por causa da crise financeira global. Assim, o índice que mede a relação entre a dívida da companhia e a geração de caixa se deteriorou fortemente nos últimos trimestres, levando ao descumprimento dos chamados "covenants" da dívida. A situação levou ao rebaixamento do rating da Lupatech. Em menos de dois meses, a agência de classificação de risco Moody's rebaixou duas vezes sua nota de crédito, citando resultados operacionais abaixo do esperado. A primeira ação de rating foi em 20 de setembro e a segunda, em 12 de novembro.
A Lupatech não teve problemas para renegociar as debêntures porque boa parte estava com o BNDES, que é também o terceiro maior sócio da empresa, com 11,5% do capital. O banco oficial detém cerca de 90% do total de R$ 320 milhões em debêntures conversíveis. A receita líquida da Lupatech no terceiro trimestre de 2009, último dado disponível, ficou em R$ 128,2 milhões, o que representa queda de 36,7% em relação ao mesmo período de 2008, que ainda não registrava o impacto do agravamento da crise.(Fonte: Valor Econômico/ Silvia Fregoni, de São Paulo)