A Lupatech, fabricante de equipamentos para o setor de petróleo, conseguiu renegociar com seus debenturistas algumas cláusulas de limite de endividamento de uma emissão de R$ 320 milhões feita pela companhia em 2009. As conversas em torno das obrigações financeiras começaram quando a empresa percebeu que não cumpriria os patamares inicialmente acordados.
Porém, para liberar a Lupatech do cumprimento das cláusulas, os debenturistas exigiram da empresa o pagamento de uma multa até o fim deste mês equivalente a 0,5% do valor nominal das debêntures, o que equivale a cerca de R$ 1,7 milhão.
O maior detentor dos papéis é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que também é acionista da Lupatech, com 11,4% do capital. O banco possui cerca de 90% das debêntures, que têm vencimento em 2018 e podem ser convertidas em ações já a partir de abril deste ano.
No acordo com a Lupatech, os debenturistas alteraram o índice de dívida líquida/lajida (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de igual ou menor que 3,5 para igual ou menor que 7, o que dá uma folga à companhia. Além disso, esse indicador não será cobrado da empresa até junho deste ano e passará a ser verificado anualmente e não a cada semestre como ocorria antes.
No dia 10 de dezembro, a Standard & Poor'sjá havia rebaixado a nota da companhia de 'B+' para 'B-' na escala global e de 'brBBB+' para 'brBB' na escala nacional. A agência de classificação de risco já previa que a Lupatech não atingiria as cláusulas de endividamento e dizia acreditar que os debenturistas aceitariam renegociar.
Essa é a segunda vez em um ano que a Lupatech precisa renegociar com seus credores os limites de endividamento. No começo de 2009, a empresa já havia acordado com o BNDES uma espécie de perdão pelo não cumprimento das obrigações financeiras. Naquela época, a empresa teve de pagar uma comissão de 0,975% sobre o valor das debêntures aos investidores.
Um ano depois, o episódio se repete por causa do elevado nível de endividamento da fabricante de equipamentos para o setor de petróleo. Após sucessivas aquisições de empresas, a Lupatech tem uma dívida líquida - descontado o caixa - de R$ 921,3 milhões, sendo que R$ 463,3 milhões são em bônus perpétuos.
Segundo relatório da Standard & Poor's, o aumento da produção poderia elevar a rentabilidade da Lupatech. Porém, para conseguir isso, a empresa precisaria de mais capital de giro para investir, o que pode ser difícil dado o atual quadro de endividamento.
Procurada pela reportagem, a companhia informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria o assunto por falta de porta-voz.
Fonte: Valor Econômico/Carolina Mandl | De São Paulo
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