O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se reuniu no final da tarde de ontem, terça (15), em São Paulo, com representantes do setor automotivo, mas não tratou de uma esperada prorrogação na redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), segundo Luiz Moan, presidente da Anfavea (associação da indústria).
"Hoje o tema foi exportações. Temos conversado há um bom tempo sobre essa maneira de destravar as exportações brasileiras", disse Moan após o encontro, do qual também participou o ministro Mauro Borges (Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior), que no final de março anunciou a assinatura de um memorando de entendimento entre os governos da Argentina e do Brasil.
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"Viemos dar a nossa opinião sobre como o mecanismo de financiamento pode funcionar para que as exportações retornem", afirmou o representante da indústria, que durante a reunião teve a companhia de executivos de empresas como Fiat, Ford, Honda, Toyota, Nissan e outras. O mecanismo ainda não foi definido.
Moan afirmou que uma nova reunião deve ser agendada para a próxima semana.
"O que o governo assinou foi que as exportações brasileiras deveriam ser financiadas por um prazo mínimo de 90 a 120 dias e há três maneiras de fazer a operação: como auto-financiamento dando um prazo de pagamento para o importador, ou contratar um banco regional, seja Brasil ou Argentina, ou contratar um banco internacional para garantir a operação", explicou.
Há ainda a alternativa de uma outra modalidade, ainda não abordada, que seria o pagamento por meio de moeda local, real ou peso.
De acordo com Moan, especialmente com a Argentina, houve uma queda de 30% das exportações neste trimestre.
Durante a reunião, segundo o presidente da Anfavea, as questões relativas ao mercado interno não foram abordadas, apesar dos rumores de que o governo cogitaria prorrogar a redução do IPI, se as vendas não fossem retomadas até junho.
"A reunião foi específica sobre exportação. Nós pedimos com a presença do ministro Mauro Borges, que é um negociador do governo brasileiro no comércio com a Argentina, e o assunto foi tratado muito tecnicamente."
Moan disse que o setor é contrário ao aumento da carga tributária, mas que, por enquanto, permanece definido que a partir de junho deve haver o retorno das alíquotas cheias.
"Pela fala que recebemos do ministro Mantega no início do ano, eu diria que está muito firme a previsão de aumento que deverá ser efetivada."
Fonte: Folha de São Paulo/JOANA CUNHA
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